O Santo Padre denunciou esta manhã a falta de fortaleza que se verifica “no nosso confortável Ocidente”, que não leva a sério o desafio do mal no mundo. “Alguns até fingem que isso não existe, que está tudo bem”, lamentou o Papa.
Na audiência geral desta quarta-feira, Francisco falou da virtude da fortaleza, recordando que “um cristão sem coragem, que não dedica as suas forças ao bem, que não incomoda ninguém, é um cristão inútil”.
O Papa explicou que a virtude da fortaleza, por um lado, é uma vitória contra nós mesmos, contra as provações internas e os medos que nos paralisam. Por outro lado, a virtude da fortaleza também enfrenta “inimigos externos, como as perseguições, as dificuldades que não esperávamos e que nos surpreendem” e, no meio da agitação, “torna-nos marinheiros resistentes, que não se assustam nem desanimam”.
No atual contexto mundial, “basta folhear um livro de história, ou infelizmente até os jornais, para descobrir as atrocidades das quais somos em parte vítimas e em parte protagonistas: guerras, violência, escravidão, opressão dos pobres, feridas nunca curadas que ainda sangram”, sublinha o Papa.
“A virtude da fortaleza faz-nos reagir e gritar um firme “não” a tudo isto”, aponta. Mas, o pontífice critica que “no nosso confortável Ocidente, que diluiu tudo um pouco, que transformou o caminho da perfeição num simples desenvolvimento orgânico, que não precisa de lutas porque tudo parece igual, às vezes sentimos uma saudável nostalgia dos profetas”.
Francisco lamenta serem raras “as pessoas desconfortáveis e visionárias”, porque “precisamos de alguém que nos tire do lugar mole em que nos instalámos e nos faça repetir resolutamente o nosso “não” ao mal e a tudo o que leva à indiferença".
Nas saudações finais aos peregrinos, o Santo Padre pediu orações pela paz e pelas vítimas da guerra na Ucrânia, na Terra Santa e no Myanmar. Francisco solidarizou-se também com a população do Casaquistão, onde fortes inundações têm obrigado à evacuação de milhares de pessoas de suas casas.