Os portugueses estão a consumir menos antibióticos, tanto na comunidade como nos hospitais, mas ainda ficam acima da média da União Europeia.
De 2012 para 2014, Portugal passou do 9.º para o 16.º lugar entre os 30 países da Europa com maior consumo na comunidade, de acordo com o relatório "Portugal-Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos 2015", da Direcção-Geral da Saúde, divulgado esta terça-feira.
Nos hospitais também se nota uma evolução positiva, com o registo, em 2014, de uma redução de algumas infecções hospitalares, mas também aqui ainda se abusa dos antibióticos de largo espectro, associados a bactérias multirresistentes.
Os antibióticos de largo espectro devem ser reservados para situações em que outros fármacos não são eficazes, sob pena de favorecer a proliferação de bactérias resistentes a quase todos, ou mesmo a todos, os antibióticos conhecidos.
Até 2013, Portugal era o país europeu que mais consumia esse tipo de fármacos. Em 2014, reduziu 5%, mas o registo continua a ser 2,5 vezes superior ao da média europeia.
Em 2014, também se assistiu a uma redução da incidência de algumas infecções, como é o caso da pneumonia associada à intubação, e das taxas de resistência em alguns microrganismos multirresistentes.
Casos de infecções
Neste campo, a principal ameaça identificada é a bactéria Klebsiella, resistente a antibióticos de largo espectro, a mesma que matou três doentes nos hospitais de Coimbra no passado mês de Fevereiro e infectou outras 21 pessoas. Em 2014, registaram-se alguns surtos hospitalares de infecção por esta bactéria, pontuais e localizados.
Pela positiva, destaca-se a adesão das unidades de saúde à campanha nacional de precauções básicas de controlo da infecção e à monitorização da prática de higiene das mãos, outro passo essencial para reduzir as infecções.
De acordo com o relatório, a prática ainda não é seguida a 100%. Em cada 10 oportunidades em que era recomendada a higienização das mãos, os profissionais cumpriram sete.
Os autores do estudo alertam ainda para o "prolongamento inapropriado da administração de antibiótico no pós-operatório em doente sem infecção, o que não melhora o prognóstico e ainda aumenta o risco de infecção por agentes multirresistentes no doente operado.
Este é um dos principais desvios das boas práticas verificado na utilização de antibióticos nos hospitais portugueses, "não sendo justificável a sua persistência", consideram os especialistas.