Maria de Jesus Rendeiro está esta quinta-feira à tarde a ser ouvida pela juíza de instrução criminal, no Campus da Justiça, em Lisboa.

A mulher do antigo banqueiro João Rendeiro, que está em fuga da justiça portuguesa, foi detida na quarta-feira para interrogatório e passou a noite na cadeia de Tires.

A detenção pela Polícia Judiciária aconteceu no âmbito de um mandado de detenção num processo instaurado pelo Ministério Público por suspeita de crimes relacionados com as obras de arte apreendidas ao ex-presidente do Banco Privado Português (BPP).

De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foram cumpridos na zona de Lisboa e Cascais nove mandados de busca domiciliária e oito mandados de busca não domiciliária.

Os mandados inserem-se numa investigação sobre "a prática de crimes de branqueamento e de descaminho, relacionados com fundos que se suspeita terem sido retirados do Banco Privado Português [BPP], assim como com as obras de arte apreendidas a João Rendeiro no âmbito de processo no qual se encontra condenado", refere o DCIAP.

Embora sem mencionar expressamente o nome de Maria de Jesus Rendeiro, o DCIAP afirma que, "por se ter considerado existir um forte perigo de fuga, para a aquisição e conservação da prova e para a descoberta da verdade", foram emitidos e cumpridos mandados de detenção contra uma suspeita para esta se apresentar, "no prazo de 48 horas, a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas de coação adequadas".

As diligências foram executadas pela Polícia Judiciária (PJ) sob a direção de dois magistrados do Ministério Público.

Em comunicado, a Polícia Judiciária dá conta de detalhes da operação denominada "D’Arte Asas", referindo que "foi cumprido um mandado de detenção emitido pelo DCIAP".

A PJ disse ainda que as buscas em Lisboa, Oeiras, Estoril e Alcáçovas envolveram cerca de cinquenta inspetores e peritos.

Segundo a nota do DCIAP, a operação de quarta-feira visou "a recolha da prova dos factos e a recuperação de produto do crime".

O antigo presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro, condenado no final de setembro a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, está em parte incerta após ter fugido à justiça.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.