A Autoridade da Concorrência (AdC) diz que “existem indícios de que as três principais cadeias de supermercados presentes em Portugal utilizaram o relacionamento comercial com um dos mais importantes fornecedores de produtos de higiene e cuidado pessoal para alinharem os preços de venda ao público”.
Em causa estão os produtos da Johnson & Johnson, vendidos nas cadeias Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan.
Ainda segundo o comunicado divulgado hoje pelo regulador, a acusação agora adotada conclui as investigações em fase de inquérito, na sequência de buscas realizadas em 2017.
Estas acusações somam-se aos nove processos sobre os quais a AdC já tinha adotado notas de ilicitude e aos cinco em relação aos quais avançou decisões finais condenatórias.
Auchan e Modelo Continente rejeitam a acusação
A Auchan rejeita qualquer “violação das regras de concorrência” e “alinhamento de preços”. O Grupo confirma que foi notificado pela Concorrência e acrescenta que vai contestar a imputação e exercer os direitos previstos por lei.
Em nota enviada à Lusa, a Auchan refere ainda que as suas “práticas não configuram os atos imputados”, garantindo que “na Auchan são assegurados internamente todos os processos de formação e controlo dos seus colaboradores, a fim de evitar qualquer tipo de comportamentos que possam resultar na violação das regras de concorrência”.
A Modelo Continente (MC) “repudia categoricamente a acusação” e lamenta “a forma como a Autoridade da Concorrência coloca de novo em causa o bom nome e a reputação da MC e da sociedade por si participada, sem garantir previamente o direito de defesa, uma vez que a acusação representa apenas uma fase provisória, ainda sujeita ao exercício do direito de defesa das partes envolvidas”, diz a nota enviada à Renascença.
A MC acusa ainda o regulador de publicar “recorrentemente” estas acusações, sem publicitar de igual forma todos os processos que são arquivados. Garante que trabalha com idoneidade e respeito pela concorrência e promete responder “em momento e lugar próprio”.
O Pingo Doce também já reagiu. Segundo nota enviada à Renascença, “refuta, mais uma vez, a acusação feita pela AdC e vai contestá-la nos tribunais, como tem feito, certo de que tem a razão do seu lado e de que nada o demoverá de continuar a oferecer aos portugueses os maiores descontos e as melhores oportunidades de preço e promoções”.
[notícia atualizada]