Várias autarquias têm lançado programas e criado condições para atrair estes nómadas digitais. É o caso de Lagos, no Algarve, que investiu num espaço de co-work que já recebeu 273 pessoas desde que abriu portas.
Cristina Augusto tem 29 anos e é designer gráfica. Nasceu em Fortaleza, no Brasil, mas vivia em São Paulo quando se mudou para Portugal em fevereiro de 2017. Começou por viver no Porto com o marido, mas em janeiro deste ano voltaram a fazer as malas e desta vez rumo a Lagos. "Viemos para cá movidos pelo sol e continuamos a ficar aqui porque Lagos tem provado ser uma cidade muito vibrante, multicultural e acolhedora", conta.
É freelancer e tem clientes nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Brasil. É uma nómada digital, mas agora diz não ter dúvidas onde quer ficar a viver. "Já disse ao meu marido que estou muito tentada a ter uma base e ter os nossos filhos aqui, que eles sejam lacobrigenses e acho que vai ser muito giro", diz com um sorriso de orelha a orelha.
Lagos destaca-se como um dos destinos de eleição para estas pessoas e fomos perceber o que explica esta preferência com Sandra Oliveira, vereadora de empreendedorismo na autarquia lacobrigense: "Lagos é um sítio ideal para viver principalmente para esta nova geração mais ligada à tecnologia, então nesse sentido temos vindo a desenvolver algumas iniciativas". Um dos investimentos feitos foi no CoLagos – Espaço de 'Cowork' Municipal. Um projeto apresentado por um grupo de pessoas no Orçamento Participativo e que acabou mesmo por avançar. Abriu portas no final de 2021 e de lá para cá já recebeu 273 pessoas.
"Já temos clientes fidelizados. Pessoas que já voltaram duas e três vezes. Eles já nos procuram e indicam a outros". Diogo Rodrigues é gestor do CoLagos e destaca que para além de disponibilizarem todos os meios necessários para estes nómadas digitais, têm ainda várias iniciativas para estes trabalhadores de forma a conhecerem melhor o local onde vivem, o que ajuda a combater a sazonalidade: "É um mercado de 365 dias. Na época média-baixa estão cá mais de média-longa duração e na época alta mais de curta duração", assinala.
E o 'feedback' destes turistas-trabalhadores é positivo. "Eu fui-me sentindo cada vez mais isolada se continuasse a trabalhar em casa e encontrei no CoLagos um lugar onde podia encontrar um ambiente acolhedor com outros trabalhadores que estão na mesma situação que eu".
O CoLagos tem capacidade para 20 pessoas e cerca de 80% dos utilizadores são estrangeiros. Ainda assim, o espaço também recebe lacobrigenses que queiram expandir o seu negócio.