O presidente do PSD Pedro Passos Coelho disse esta segunda-feira, na Figueira da Foz, que o cumprimento das metas previstas pelo Governo para 2016 é essencial para evitar sanções europeias.
"Não vale a pena o Governo vir com desculpas esfarrapadas sobre o passado porque aquilo que será importante para evitar sanções é a garantia de que em Portugal as nossas metas serão cumpridas este ano", disse Passos Coelhos.
"Se essa garantia existir eu não acredito que haja sanções. E isso depende, no essencial, do Governo e da maioria que o apoia", frisou Passos Coelho.
Questionado sobre a posição manifestada pelo primeiro-ministro que argumentou que a aplicação de eventuais sanções a Portugal resulta do défice registado no ano passado, afastando a adopção de medidas adicionais, Passos Coelho disse que António Costa "insiste em não querer ver o problema e olhar para a realidade como ela é".
Passos Coelho contrapôs que em 2015, descontando os impactos nas contas nacionais com a resolução do Banif e a consolidação de capital na Caixa Geral de Depósitos, o défice português teria ficado nos 2,8%.
"Isto são os números do Eurostat, não são do PSD nem meus", avisou.
Para Passos Coelho, hoje só se pode falar num "ambiente de recriminação" em redor de eventuais sanções por incumprimento do limite do défice "se houver dúvidas quanto à capacidade para o país sair do procedimento de défice excessivo cumprindo as metas deste ano".
"E isto é um aspecto crítico nisto tudo: o primeiro-ministro insiste em achar que se as sanções puderem ser reportadas a um Governo anterior e um ano anterior isso não traz grande problema. E traz, porque se o primeiro-ministro tivesse estado empenhado com a sua equipa das Finanças em defender o resultado que nós deixámos em 2015 e, ao mesmo tempo, a inspirar confiança junto dos nossos parceiros para garantir que as metas do défice deste ano seriam atingidas, toda esta conversa sobre sanções não existia", alegou Passos Coelho.
O líder social-democrata reafirmou que a remoção da eventual desconfiança dos mercados e dos parceiros europeus sobre a situação portuguesa "está nas mãos do Governo" e que, para tal, o executivo liderado por António Costa "não pode ter políticas que deixem dúvidas e que possam gerar incertezas para futuro", argumentou.
"Nós fizemos reformas importantes que este governo está a reverter. Se o Governo persistir neste caminho, é muito difícil que a confiança possa regressar. E não regressando a confiança, vai ser muito difícil ao sistema financeiro recuperar e muito difícil ao país atingir as metas a que se propôs", avisou Passos Coelho.