O Japão condenou esta sexta-feira a decisão da Rússia de abandonar o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares, e destacou a necessidade de travar a proliferação de armas atómicas no atual cenário de escalada de tensões globais.
"[Isto mostra] a grande importância do movimento pelo desarmamento e pela não-proliferação", refere a ministra, acrescentando que este compromisso é "mais necessário do que nunca na atual grave situação internacional".
Yoko Kamikawa acrescentou que tendo em conta que a Rússia "é o Estado com maior número de armas nucleares" entre os signatários do tratado (CTBT, na sigla em inglês), a decisão de se retirar "vai contra os esforços de longa data da comunidade internacional".
O Japão, o único país que sofreu bombardeamentos nucleares -- os perpetrados pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial -- "condena a decisão da Rússia e insta-a a continuar a respeitar os regulamentos internacionais que proíbem os testes nucleares", lê-se no comunicado.
Tóquio expressa, ainda, a sua vontade de "continuar a trabalhar com a comunidade internacional para alcançar um mundo livre de armas nucleares, através de esforços realistas e práticos, incluindo uma rápida entrada em vigor e universalização do tratado".
A Coreia do Sul também já expressou a sua "profunda deceção" com a decisão da Rússia de abandonar o tratado e instou Moscovo a "reconsiderar".
Este tratado foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 10 de setembro de 1996 e foi assinado por 185 países, mas nove países nunca o ratificaram, incluindo os Estados Unidos, a China, o Irão e Israel, enquanto a Índia, o Paquistão, a Coreia do Norte e a Síria nem sequer o assinaram.
A Rússia assinou-o em 24 de setembro de 1996 e ratificou-o em 30 de junho de 2000.
O tratado proíbe testes nucleares para fins militares ou qualquer outro fim.
Tanto os Estados Unidos como a Rússia são signatários do Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares, que proíbe detonações nucleares na atmosfera, debaixo de água e no espaço exterior.
Apenas testes subterrâneos são permitidos.
O tratado foi assinado pela então URSS, EUA e Reino Unido, além de outros 123 países, mas não pela China, França ou Coreia do Norte, e entrou em vigor em 1963.