​Bispo da Guarda apela ao Estado que olhe para as instituições sociais
12-12-2019 - 20:58
 • Liliana Carona

Além do serviço que as IPSS prestam, D. Manuel Felício fala nos postos de trabalho que podem estar em risco, se o Estado não dialogar caso a caso, com cada instituição.

Na mensagem de Natal divulgada esta quinta-feira num encontro com a comunicação social, o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, alerta para o perigo de algumas instituições particulares de solidariedade social (IPSS) terem que fechar portas, por falta de financiamento.

Além do serviço que prestam, o bispo da Guarda fala nos postos de trabalho que podem estar em risco, se o Estado não dialogar caso a caso, com cada instituição.

D. Manuel Felício salienta que “às vezes surge a tentação do abandono e até mesmo da rejeição das pessoas, sobretudo na primeira e na última das etapas da vida, ou porque vêm incomodar ou porque passaram a ser um peso” e adianta que “a mensagem do Menino de Belém é clara e diz-nos que a vida é sagrada em todas as suas etapas. Por isso, quer o aborto quer a eutanásia ou quaisquer outras formas de atropelo à vida não podem ter lugar em sentimentos verdadeiramente humanos”.

Mas para o bispo da Guarda, não basta recusar teoricamente os atropelos à vida como o aborto ou a eutanásia. É preciso, diz, “dar respostas convincentes às necessidades variadas que se multiplicam à nossa volta. E entre essas respostas estão as instituições de apoio social, geralmente de iniciativa privada que têm acordos de cooperação com a administração pública”.

O prelado diocesano considera que as instituições de cariz social assumem uma dupla importância nas regiões mais interiores.

“Todos conhecemos a importância destas instituições nos nossos meios, principalmente por duas razões. Uma delas é que as populações, percentualmente mais envelhecidas do que nos grandes centros, precisam delas. A outra é que em muitas das nossas terras elas são a única oferta de emprego.”

D. Manuel Felício lamenta que “a verdade é que elas estão a passar por dificuldades acrescidas principalmente devido às exigências da legislação em vigor e porque as reformas dos seus utentes, em geral são muito reduzidas e têm diminuído no seu poder de compra. Por sua vez, os apoios estatais têm diminuído igualmente, mesmo quando os montantes se conservam os mesmos, sabendo nós que os encargos não param de subir. O que tem acontecido é que muitas destas instituições estão hoje a viver de poupanças próprias, que puderam fazer quando os apoios eram mais significativos”, conclui.

Perante as dificuldades, o bispo da diocese da Guarda apela ao Estado que dialogue com as instituições de apoio social.

“É chegado o momento por isso, de a tutela do Estado, dialogar, a sério com estes serviços e considerá-los caso a caso para ajudar a encontrar caminhos de sustentabilidade, onde eles já não existem ou estão em perigo”, afirma, reforçando que “o Natal e a mensagem de Belém, ao colocar os mais pobres no centro das nossas atenções, exige que não fiquemos parados, mas nos esforcemos conjuntamente por procurar as soluções mais ajustadas.”

Apesar do alerta deixado, D. Manuel Felício vê sinais de esperança na nomeação para cargos políticos de individualidades do distrito da Guarda, que espera cumpram as promessas feitas em época eleitoral.