O Governo vai estudar até onde pode ir nas negociações com os médicos, afirmou esta sexta-feira o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, frisando, contudo, que o país não está em circunstâncias normais, referindo-se à atual crise política.
"Temos de avaliar em que condição é que cada opção política do Governo pode ser tomada, porque se é verdade que o Governo está em funções, não é menos verdade que não estamos em circunstâncias normais", afirmou Manuel Pizarro à margem da abertura do 32.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (ODM) na Exponor de Matosinhos, no Porto.
A negociação com os médicos exige "um estudo muito atento", e, portanto, vai "estudar até onde é que podemos ir nessa matéria", acrescentou.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou também esta sexta-feira que vai manter a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários e pede a retoma das negociações com o ministério da Saúde. Também a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu que as negociações fossem retomadas de imediato.
Dizendo ter tomado "boa nota" dessa intenção dos sindicatos, o ministro da saúde confessou não ter visto da parte do sindicato que decidiu manter a greve na próxima semana "nenhuma vontade de se aproximar das posições do ministério da Saúde" e desconvocar a greve face às atuais "circunstâncias muito especiais".
A última reunião entre o ministério da Saúde e os sindicatos médicos estava marcada para a passada quarta-feira, mas foi cancelada na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Nesse dia, o ministro da Saúde tinha declarado no parlamento que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, afirmando que ainda não tinha perdido a esperança de chegar a um acordo com os médicos.