Empresários temem instabilidade política prolongada
29-09-2015 - 12:34
 • Henrique Cunha

Associação Empresarial de Portugal receia período prolongado de instabilidade política em Portugal. Na recta final da campanha eleitoral, a AEP pede contenção aos partidos e apela à apresentação de propostas. Os empresários querem, por exemplo, pistas sobre o próximo Orçamento do Estado.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) mostra-se muito preocupado com o momento político e com as estratégias eleitorais dos partidos, temendo que o ambiente de campanha eleitoral se prolongue até à realização das Presidenciais, o que representaria mais um factor de risco para a economia e para os negócios em Portugal.

O presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida afirma que, até ao momento, os portugueses não têm informação, por exemplo, sobre o que poderá ser o próximo Orçamento do Estado: “Há uma estratégia politica e nós sabemos que hoje essas campanhas são comandadas por estratégias pré-definidas. Nós, portugueses, não estamos a ser habilitados com informação que seria útil para podermos tomar uma decisão em consciência e mais fundamentada. Por exemplo, a nível daquilo que possa ser um possível orçamento para o ano de 2016. Enfim, nós não temos informação concreta como isso possa evoluir.”

Nunes de Almeida receia que os calendários eleitorais se sobreponham aos interesses do país, porque logo a 5 de Outubro, "enquanto ainda se discutem os resultados eleitorais, estar-se-á, de imediato, a iniciar uma campanha para a Presidência da República. E pode ser também uma campanha muito politizada.

Este quadro preocupa a AEP porque é prejudicial à criação de um clima de confiança na economia e negócios. "É um factor de risco", argumenta Nunes de Almeida, defendendo que "teria sido preferível ao contrário: que as eleições presidenciais já se tivessem realizado e que as legislativas viessem a seguir.

"Nós sabemos que os negócios por vezes fazem-se quando há confiança para o fazer, não é?", reforça o presidente da AEP.

Os patrões já manifestaram receio face à possibilidade de formação de um governo minoritário, por entenderem que o país não tem condições para isso. Todavia, Paulo Nunes de Almeida não acredita na possibilidade da reedição de um bloco central: "Acho que, neste momento, tendo em conta como a campanha está a decorrer e a forma como os principais responsáveis têm articulado o seu discurso e o seu posicionamento, afigura-se muito difícil essa possibilidade do bloco central com estes protagonistas. Mas nós também sabemos que, normalmente, as eleições fazem rolar cabeças. Mas não sabemos exactamente o que é que vai acontecer.”