O ministro da Defesa está a desvalorizar a difícil situação das Forças Armadas e isso é “triste”. A acusação é do presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS).
Na sequência dos comentários de João Gomes Cravinho à entrevista do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas à Renascença, Lima Coelho lamenta a atitude do ministro da Defesa. Refere que é “uma leitura triste e que é preocupante a tentativa de jogo político-partidário usando as Forças Armadas para o efeito”.
O presidente da ANS diz que “a desvalorização que agora o ministro da Defesa fez ao problema da falta de efetivos, tem vindo a ser feita pelos sucessivos governos e isso é inaceitável”. Lima Coelho diz à Renascença que o retrato feito pelo almirante Silva Ribeiro, em entrevista ao programa Hora da Verdade , “é verdadeiro e dramático e não pode continuar a ser desvalorizado pelo poder politico”.
Prova disso, refere o sargento-mor, “são os sinais já visíveis no terreno”. “Quando as guarnições de um navio andam a saltar de navio em navio por falta de efetivos, sem tempo de desembarque normais e naturais para descanso e apoio às famílias, este é um dos sinais”, explica.
Os exemplos são muitos e transversais aos três ramos das Forças Armadas, diz o representante dos sargentos, acrescentando que “quando temos numa parada de um regimento uma companhia de instrução com 17 ou 18 praças, isto dá bem ideia das carências de que estamos a falar”.
Outra das situações reveladoras do défice de efetivos nas Forças Armadas é o que se está a passar na Força Aérea portuguesa, onde “num hangar de manutenção vemos que a maior parte dos técnicos de manutenção que estão a preparar uma aeronave são sargentos, por falta de praças”.
Por tudo isto, refere o presidente da Associação Nacional de Sargentos, “o Governo não pode escamotear o estado em que se encontram as Forças Armadas, nem minimizar o problema”.