As obras na sala de consumo assistido do Porto terminam esta quinta-feira, cerca de dois anos depois da aprovação do Programa de Consumo Vigiado, estando prevista a abertura daquela infraestrutura, instalada na "Viela dos Mortos", na zona de Serralves, para "breve".
Foi na 26.ª edição da Conferência Internacional de Redução de Riscos, em abril de 2019, que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou que a autarquia estava a trabalhar na criação de uma unidade móvel de consumo assistido como "mais uma resposta de saúde pública".
Em junho desse ano, a Assembleia Municipal do Porto aprovava oito propostas de recomendação, defendendo a instalação de salas de consumo assistido na cidade, como medida de redução dos riscos, no decorrer do relatório da Comissão de Acompanhamento da Toxicodependência, que também foi unânime na necessidade de implementar estas estruturas em face da "pulverização" do consumo e tráfico de droga.
Com o problema da toxicodependência "por todo o lado", como admitiu, em outubro de 2019, Rui Moreira, a Câmara do Porto e a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) ultimavam uma proposta de protocolo para a instalação daquelas infraestruturas na cidade.
A proposta apresentada em novembro pela ARS-Norte, que propunha que fosse a câmara a assegurar a execução e financiamento durante os primeiros 20 meses do programa, levou a autarquia a pedir uma nova reunião com aquele organismo por considerar que a mesma "divergia totalmente" do negociado e "aligeirava" as responsabilidades para o Ministério da Saúde. Um ano depois, em julho de 2021, o município anunciava levar "em breve" ao executivo o aviso de abertura do procedimento para selecionar a entidade que iria operar a unidade móvel, cuja abertura estava prevista para setembro de 2021. Mas, em outubro, a abertura continuava por materializar e as candidaturas para a entidade gestora encontravam-se em análise.
A sala de consumo deverá funcionar 10 horas por dia, sete dias por semana, em horário proposto pela entidade gestora e validado pela Comissão de Implementação, Acompanhamento e Avaliação.
Com capacidade para 10 postos individuais e separação física entre o espaço para o consumo fumado e injetado, a equipa de acompanhamento será composta por profissionais em permanência, tais como dois enfermeiros, um técnico psicossocial e um educador de pares. A estes, somam-se, a tempo parcial, um psicólogo (sete horas por semana), assistente social (sete horas por semana) e um médico (quatro horas por semana).
O espaço, que se dirige a utilizadores de substâncias psicoativas ilícitas, por via injetada e/ou fumada, irá funcionar por um período experimental de um ano e contará com o apoio da câmara no montante global de 650 mil euros.
Caso a avaliação da fase experimental da sala de consumo seja favorável, seguir-se-á uma segunda fase, com duração de dois anos.