O Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo reconheceu esta terça-feira que "quem tiver muito dinheiro pode comprar um conflito".
Foi numa aula aberta sobre o "Golfo da Guiné: pirataria, mercenários, marinha e um papel para Portugal", no Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa.
O ex-coordenador da task-force da vacinação contra a Covid-19 começou por alertar para o perigo das companhias privadas de segurança.
"Essas companhias privadas de segurança chegam a ter 10 mil operacionais e tem equipamento que supera muito equipamento de países pequenos, e portanto, hoje quem tiver muito dinheiro pode comprar um conflito e pode fazer esses conflitos precisamente nestes espaços desestruturados que são os espaços em que as potencias globais permitem que haja alguma liberdade porque elas vão-se compensando umas às outras criando um espaço desorganizado como aconteceu como sabem com o Isis no Iraque”, referiu.
'Hub' do tráfico de heroína
Durante a aula, Gouveia e Melo lembrou que no Golfo da Guiné cerca de 40 por cento do pescado não é controlado, e que esta região “repleta de pirataria, se tornou-se num autêntico "hub do tráfico de heroína".
Depois, o Vice-Almirante fez questão de sublinhar o papel de Portugal na região do Golfo da Guiné e assegurou que "se formos inteligentes podemos ter uma grande influência" na região e desempenhar "um papel importante para a NATO e para a União Europeia" no Atlântico Sul.
No final e em declarações aos jornalistas, Gouveia e Melo falou, apenas, do tema da sua aula sublinhou a importância do tráfego marítimo.
“Não sei se têm ideia, mas o tráfego marítimo transporta mais de 80% dos produtos que são transacionados no mundo. Portanto, se nós tivermos uma pequena constipação no tráfego marítimo temos um vírus muito forte na económica mundial".
E foi assim, de forma indireta, a única referência do Vice-Almirante Gouveia e Melo às questões relacionadas com a pandemia.