O ex-ministro Augusto Mateus classifica de “polémica sem sentido” a discussão sobre os vencimentos e declarações de património dos administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Em entrevista à Renascença, o antigo titular da Economia, num governo de António Guterres, defende que o decisivo na CGD não é a remuneração dos seus gestores, mas saber qual o papel do banco público na construção de uma solução para o sector financeiro.
“Todos devemos lamentar que as coisas não saiam bem à primeira, mas é preferível que saiam bem à segunda ou à terceira do que não saiam bem. O essencial é o sistema financeiro, o seu relacionamento com a economia real e um papel renovado para a Caixa Geral de Depósitos”, refere Augusto Mateus.
O ex-ministro da Economia apresentou esta segunda-feira, em Serralves, no Porto, um estudo sobre a economia criativa.
Em 2015 a economia criativa valia cerca de 4% das exportações portuguesas, representando à volta de 2, 7 mil milhões de euros.
Os serviços de arquitectura e engenharia foram responsáveis por 55% das exportações do sector.
Para Augusto Mateus, a economia criativa é um sector interessante e com capacidade de crescimento.
“Para Portugal, país pequeno de dez milhões de habitantes, atrapalhado, estagnado, sem crescimento económico, economia criativa não é uma solução de facilidade, mas é uma solução em que Portugal pode reconstrui os factores de competitividade e reinventar a sua economia, valorizando os seus territórios”, afirma.
Mas, afinal o que é a economia criativa? Augusto Mateus explica que é como “fazer vinho não apenas porque tem uvas, mas é fazer vinho diferenciado, porque conhece melhor do que os outros os processos de vinificação e os gostos dos consumidores a que se dirige”.
As sociedades mais desenvolvidas são as que baseiam os factores competitivos mais naquilo que é escasso: a cultura, a criatividade e o conhecimento. A economia criativa é aquela em que se comece não nos recursos”, explica Augusto Mateus.