Israel intensifica ataques a Gaza. "Há pouco contei 10 explosões num minuto, por vezes são mais"
28-10-2023 - 13:55
 • Joana Azevedo Viana , Catarina Santos , enviada especial ao Médio Oriente

Enviada especial da Renascença relata situação na fronteira entre Sderot, em Israel, e Beit Hanoun, no extremo nordeste da Faixa de Gaza, após "noite mais devastadora das últimas três semanas" no enclave palestiniano.

Naqueles que são os bombardeamentos mais intensos da Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas a 7 de outubro, o Estado hebraico terá destruído na madrugada deste sábado 150 túneis subterrâneos usados pelo grupo de militantes islamitas.

Da mesma forma, o intensificar da ofensiva israelita por ar, terra e mar também viu centenas de edifícios ficarem "completamente destruídos" em várias zonas do enclave palestiniano, segundo informações do Hamas, que hoje atualizou o balanço de mortos para mais de 7.700, incluindo 3.500 crianças, e 19 mil feridos.

A partir de Sderot, na fronteira de Israel com o norte da Faixa de Gaza, é possível ouvir vários bombardeamentos a cada minuto, como relata a enviada especial da Renascença ao Médio Oriente.

"O som das explosões é constante. Há pouco contei 10 rebentamentos num minuto. Por vezes é mais", indica a jornalista Catarina Santos. "Por vezes ouve-se muito perto também disparos de armas automáticas e um ou outro carro do Exército [israelita] que passa na estrada, em baixo, a alta velocidade."

A operação iniciada por Israel ontem à noite, que tem vindo a intensificar-se nas últimas horas, "é a mais duradoura até agora desde o início da guerra", na sequência do ataque do Hamas a Israel que resultou em 1.400 mortos e mais de 200 reféns, a maioria dos quais ainda mantidos pelos islamitas no enclave sob ataque.

Esta manhã, as famílias de vários reféns exigiram ao Governo que as receba, pedindo esclarecimentos ao ministro da Defesa e ao gabinete de guerra sobre a campanha militar em curso.

Em Sderot, face a esse intensificar do conflito, "hoje não é muito fácil a visão [do que se passa do lado palestiniano] porque o fumo aglomerou-se, formando uma camada espessa, e no meio dessa cortina é possível ver colunas de fumo negro de explosões recentes", descreve a enviada da Renascença. "Jornalistas e residentes em Gaza falam na noite mais devastadora das últimas três semanas."

Organizações não-governamentais continuam impossibilitadas de contactar funcionários em missão em Gaza, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a repetir os apelos por um cessar-fogo após "noite de escuridão e medo".