A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou, este domingo, que o maior problema de Portugal é ser um país que está obrigar os jovens à emigração, afirmando que tal se deve aos baixos salários.
"É ótimo que quem queira sair, conhecer o mundo, ter outras experiências o possa fazer. Mas há uma diferença entre sair e ser expulso. Um país que expulsa as gerações mais jovens é um país que está a desistir do futuro. Este é o maior problema de Portugal", declarou Mariana Mortágua, referindo-se aos dados recentes do Observatório da Emigração, referindo que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem no estrangeiro.
No seu discurso durante um almoço de pré-campanha para as eleições legislativas, em Santo Tirso, Porto, Mariana Mortágua disse que são "mais de 70 mil" portugueses que saem a cada ano, em todos os anos deste século e que "Portugal tem a taxa de emigração mais alta da Europa e uma das mais altas do mundo".
Perante cerca de 150 apoiantes que participaram no almoço, Mariana Mortágua afirmou que a razão para os jovens estarem a emigrar são os baixos salários.
"Não há nenhum mistério nas causas da emigração. E não vale a pena inventar desculpas. o problema dos salários baixos não é o IRS, é o facto dos salários serem baixos, apesar do esforço, apesar das qualificações e da vontade. O salário não paga a casa nem as contas, e não há nenhuma esperança que daqui a três anos seja diferente, enquanto as carreiras continuarem a ser uma coisa do passado".
A coordenadora do Bloco de Esquerda observou que a sua geração, bem como outras gerações anteriores e outras posteriores, não quiseram emigrar, nem ceder. Contudo, a "crise atrás de crise" vem demonstrar que aos 40 e 50 anos existe a mesma instabilidade que se sentia aos 20 anos de idade.
"Olhem para quem tem hoje 30, 40 anos. Foi a crise financeira, foi a pandemia, foi a inflação, é a conjuntura externa. Há sempre uma desculpa para os salários baixos, o contrato precário, os horários impossíveis. Há sempre o "agora não pode ser", que a economia não aguenta melhores salários, que a produtividade não aumenta, que Portugal é um país pobre", disse, advertindo que "Portugal é um país pobre porque paga salários pobres".
BE diz que é solução para resolver habitação e saúde e aumentar salários
A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou ainda o PS por ter falhado nas políticas da habitação e Saúde e considerou que o BE vai ser determinante para a maioria que governe para resolver habitação e saúde.
“Quero dar-vos uma certeza e vou repeti-la todos os dias desta campanha: não haverá nenhuma solução para atacar os preços da especulação imobiliária ou para melhorar os salários sem o Bloco. O Bloco vai ser determinante para a maioria que governe para resolver habitação e saúde para toda a gente. Só com o Bloco e nunca sem o Bloco será possível começar a fazer o que nunca foi feito”, declarou Mariana Mortágua.
No seu discurso, a coordenadora do Bloco de Esquerda disse que não basta ao PS reconhecer o problema na habitação ou na saúde ou assumir o fracasso passado sem apontar soluções de futuro.
“Ouvi ontem o secretário geral do PS [Pedro Nuno Santos] reconhecer como falharam nos últimos dois anos na habitação e na saúde. É uma evidência: entra pelos olhos dentro que vinte horas de espera numa urgência, mais de milhão e meio sem médico de família, as casas mais caras da Europa, são tudo fracassos porque as políticas estavam erradas, protegeram o negócio e não as pessoas. Só que não basta reconhecer o problema ou assumir o fracasso passado sem apontar soluções de futuro".
A líder bloquista defendeu que o “o país exige responsabilidade, consequência e vontade para fazer o que nunca foi feito”, designadamente os aumentos reais do salário mínimo e novas regras para fazer subir todos os salários, com mais força aos contratos coletivos, para que se acabe com o abuso da precariedade, dos horários longos demais, dos salários baixos demais”.
“Não desistimos de Portugal. No Bloco ousamos a esperança. Sabemos que é a força do Bloco que pode determinar os caminhos do país para lá de 10 de março. Estamos a crescer, o apoio a uma política exigente com soluções exigentes agiganta-se e temos esta confiança: vamos para ganhar e fazer o que nunca foi feito”, concluiu.