A presidência portuguesa da União Europeia (UE) pode ser uma “ponte entre os países do Sul da Europa e os do Leste que têm uma posição desfavorável às migrações”, defende o presidente da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).
André Costa Jorge entende que “o nosso país pode ajudar a construir uma política dialogante e ativa na procura de passos concretos nas políticas migratórias”.
Em termos práticos, Portugal “deve fazer a promoção de canais legais de migração” e o “Governo tem manifestado esta bandeira que nós também subscrevemos”, sublinha André Costa Jorge.
O presidente da PAR reconhece que Portugal, sendo um país do Sul da Europa, “não é um destino de chegada de migrantes”, mas “é um país que tem manifestado uma postura acolhedora, pró-emigração e também tem uma tradição de diálogo com os outros países da Europa”.
Por isso, “Portugal pode ajudar na construção de uma política dialogante, ativa no sentido de dar passos concretos nas políticas migratórias e naquilo que é a política europeia migratória”.
Para André Costa Jorge, a presidência portuguesa da UE também terá êxito “se conseguir melhorias no pacto europeu sobre migração”.
O presidente da PAR refere que “a proposta da Comissão Europeia, de 23 de setembro, pode ser melhorada nas dimensões que na nossa opinião estão em falta, nomeadamente uma perspetiva mais humanitária e mais eficaz de proteção ao migrantes”.
“Eu creio que, se no final deste semestre, forem feitos avanços no espaço europeu que permitam uma visão clara e uma política clara de proteção aos migrantes e uma perspetiva positiva sobre a emigração e sobre a importância das migrações no espaço europeu, poderemos falar de uma presidência portuguesa com um balanço extremamente positivo”, refere Costa Jorge.
Guterres na ONU vai lutar por uma “sociedade mais solidária”
O presidente da Plataforma de Apoio aos Refugiados acredita na recondução de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas.
André Costa Jorge considera uma boa notícia a sua recandidatura, “em primeiro lugar, porque é alguém a quem todos reconhecemos enormes capacidades, e com uma forte ligação às questões humanitárias”.
O presidente da PAR refere que, “para além do prestígio que isso traz para o país, também traz imensa responsabilidade” e adianta que “as competências e qualidades do engenheiro Guterres irão com certeza levar à sua reeleição”.
“Num mundo abalado por várias questões graves, crises, conflitos e também pela pandemia, eu creio que um homem com a dimensão humanista de António Guterres é a pessoa certa para o lugar certo”, sublinha.
No entendimento da Plataforma de Apoio aos Refugiados, a reeleição de António Guterres, como secretário-geral das Nações Unidas “contribuirá para um clima mais favorável para a construção de uma sociedade mais solidária”.
“Tenho a esperança de que no final de todo este processo que a pandemia nos veio trazer possamos todos perceber que somos interdependentes. Pois, o mundo não se faz com uns sobre outros, com os mais fortes sobre os mais fracos, os mais ricos sobre os mais pobres. Temos de compreender que as respostas têm de ser encontradas na interdependência, na complexidade da interdependência”, conclui o presidente da Plataforma de Apoio aos Refugiados.