Milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em Itália contra a obrigatoriedade do uso do "passe sanitário" Covid-19 para entrar em espaços de lazer fechados. Em França, milhares de pessoas manifestaram-se a contra as novas medidas do Governo para debelar a pandemia da Covid-19, que recrudesceu no país com a variante Delta do novo coronavírus, a mais contagiosa, com os gritos "liberdade, liberdade".
Em Itália, “Liberdade” e “Não à ditadura” foram as palavras mais ouvidas entre manifestantes, a maioria sem máscara, de norte a sul do país.
Na cidade de Milão, a norte, os protestos foram acompanhados de gritos de “não ao passe sanitário”. As manifestações foram convocadas nas redes sociais para, pelo menos, 80 cidades.
A partir de 6 de agosto vai passar a ser obrigatório, em Itália, o uso de um “passe sanitário” Covid-19 (que atesta a vacinação desde a primeira dose, testagem negativa nas últimas 48 horas ou a recuperação da doença) para aceder a espaços de lazer fechados, como cafés, restaurantes, piscinas, ginásios, museus, cinemas, teatros e salas de jogo.
A nova medida, anunciada na quinta-feira, levou a uma corrida à vacinação que, nalgumas regiões, aumentou 200%.
Este sábado, Itália contabilizou mais 5.140 infetados e mais cinco mortos. O país tem pouco mais de metade da população maior de 12 anos com a vacinação completa contra a Covid-19.
150 mil em França contra medidas do Governo
A polícia estima que tenham participado 11 mil manifestantes na capital, Paris, e cerca de 150 mil em mais cerca de uma centena de cidades, incluindo Marselha.
Em Paris, um grupo de manifestantes, essencialmente pertencentes ao movimento anti-Governo "coletes amarelos", envolveu-se em incidentes esporádicos com a polícia, segundo a agência noticiosa AFP.
Na rede social Twitter, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, condenou "os comportamentos violentos que visaram alguns polícias e jornalistas", mencionando que seis pessoas foram interrogadas em Paris, onde incidentes ocorreram perto dos Champs-Élysées.
Milhares de pessoas, quase todas sem máscara, juntaram-se ainda ao som do hino francês na Praça do Trocadéro, seguindo o apelo do ex-deputado europeu da extrema-direita Florian Philippot.
As manifestações sucedem quando, de acordo com uma sondagem, a maioria dos franceses é favorável à decisão tomada em 12 de julho pelo Presidente Emmanuel Macron de tornar obrigatória, a partir de 15 de setembro, a vacinação contra a Covid-19 para médicos e enfermeiros e outros profissionais que trabalham em hospitais e lares de idosos.
A extensão do uso do certificado digital Covid-19 (que atesta a vacinação, a testagem negativa ou a recuperação da doença) à maioria dos locais públicos é igualmente aprovada por grande parte dos franceses, segundo a mesma sondagem, divulgada em 13 de julho.
Obrigatório em locais culturais e de lazer, este "passe sanitário" passará a ter de ser mostrado a partir de agosto para entrar em cafés, restaurantes e comboios.
O anúncio por parte do chefe de Estado francês das novas medidas levou à aceleração da vacinação: na sexta-feira, 48% da população tinha a vacinação completa e 58% tinha recebido pelo menos uma dose.
Contudo, o número de contágios aumentou significativamente devido à variante Delta, passando de 4.500, em 09 de julho, para cerca de 21.500, na sexta-feira.
A oposição às novas medidas governamentais agrega movimentos anti-máscaras, anti-vacinas e anti-confinamento.
Há uma semana, mais de 110 mil pessoas manifestaram-se em França contra a vacinação ou o "passe sanitário".