O contrato de Christine Ourmières-Widener, antiga CEO da TAP, previa acumulação de cargos de administradora em duas empresas, segundo avança esta sexta-feira Jornal de Negócios. O jornal consultou o contrato assinado entre as partes.
Quando assumiu a comissão executiva da transportadora aérea, Ourmières-Widener informou que era administradora da ZerAvia e na Met Office, algo que foi autorizado pelo Governo, numa altura que o agora secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, era o ministro das Infraestruturas.
“A CEO garante que na altura da sua nomeação não ocupava cargos em comissões executivas ou consultoras, à exceção da ZerAvia e da Met Office, garantido que, no futuro, o trabalho de consultoria não represente um potencial conflito de interesses com as responsabilidades de CEO”, pode ler-se no contrato, segundo o Jornal de Notícias.
Christine Ourmières-Widener terá, no entanto, omitido um terceiro cargo na consultora de aviação O&W, que fundou em 2009 com o seu marido. De acordo com a informação consta na página de Linkedin da ex-CEO, terá mantido funções durante o período em que trabalhava na TAP.
De recordar que no processo em que a ex-administradora pede uma indemnização de 5,9 milhões, pela forma como foi despedida da transportadora, a defesa da TAP alega que a acumulação de cargo de gestor público é incompatível com outras funções profissionais, servindo este argumento para contestar o pedido de indemnização.
“Manteve, durante todo o período em que exerceu funções enquanto CEO da TAP, um cargo de administradora que nunca revelou ou que mereceu o assentimento de qualquer dos seus acionistas ou de qualquer representante do Governo”, revela o documento da defesa da TAP.
Na contestação ao pedido de indemnização de Christine Ourmières-Widener, a TAP explica que a gestora não tinha um vínculo formal, uma vez que o contrato nunca foi assinado, algo que acontece com outros gestores públicos.
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, disse aliás, esta quinta-feira, que " o que vamos ouvindo sobre os contratos de gestão, infelizmente, a maioria dos gestores públicos não os têm. Isso não é responsabilidade dos ministérios setoriais".