Os protestos e manifestações em curso no Irão não têm na sua origem motivações politicas, mas sim as dificuldades económicas e a carência das populações, diz à Renascença Said Jalali, um iraniano radicado em Portugal há mais de 40 anos e que é professor da Universidade do Minho.
"Há relatos de pessoas que passam mais de dois meses sem poderem comer carne”, sublinha o docente iraniano.
“Não me surpreende [a onda de protestos] porque creio que, desta vez, a vida das pessoas é tão difícil, tão difícil que já não aguentavam mais. Aliás, as manifestações não têm nenhuma motivação política, são mais uma queixa da sensação que tem havido sobre a gestão dos dinheiros do Estado."
Said Jalali chegou a Portugal em 1972, diz que “nunca" se sentiu "num país estranho” e que o seu “coração treme quando alguém fala português”. Por isso, o regresso ao Irão não está no seu horizonte.
“Enquanto o regime não mudar, não tenho intenção de voltar. Sou muito corajoso, mas não tanto. Realmente, nunca senti que estivesse num país estranho ou que fosse estranho no país. Onde vou, se oiço que alguém fala português, o meu coração logo treme e quero ir ter com ele e falar com ele. De facto, sentimo-nos absolutamente bem acolhidos no país. Não podia ter sido melhor", remata.