Avelina Ferreira, que estava desaparecida há mais de dois meses, foi encontrada morta esta segunda-feira em Lisboa.
A notícia foi confirmada à Renascença por fonte próxima da família.
O corpo foi encontrado esta segunda-feira numa mata nas traseiras do Colégio de São José, perto do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Avelina Ferreira, de 73 anos saiu sozinha da urgência do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, no dia 12 de dezembro do ano passado.
Sofria de demência e o marido foi impedido de a acompanhar pela unidade hospitalar.
A família lançou uma campanha de sensibilização após o desaparecimento de Avelina Ferreira e uma petição pública para "a prevenção e resposta ao desaparecimento de pessoas com demência", onde, entre diversas medidas, pede o reforço de segurança nos hospitais e o “efetivo cumprimento pelos serviços e unidades de saúde do direito ao acompanhamento”, em particular das pessoas mais vulneráveis.
Em declarações à Renascença, João Medeiros, advogado da família, defende que o direito ao acompanhamento dos doentes, suspenso durante a pandemia, não pode ser posto em causa em situações como esta.
“O direito ao acompanhamento é um direito que se acha previsto e o que esta situação infelizmente vem evidenciar é que há situações que têm de ser tratadas de forma absolutamente excecional”, afirma.
“Como não passaria pela cabeça de ninguém não deixar um pai ou uma mãe acompanhar um filho melhor, também nestes casos, de pessoas que pelas suas características são incapazes e inspiram especiais cuidados, não deve passar pela cabeça de ninguém não permitir a entrada de um acompanhamento. E foi isso que se passou neste caso concreto e que veio a dar o resultado que todos sabemos”, sublinha João Medeiros.
Apesar de terem sido feitas buscas após o desaparecimento, quer por parte da família, quer por parte das autoridades, só agora o corpo foi encontrado, mais de dois meses depois.
“Eu sei que houve buscas que foram feitas por particulares colegas da filha da D. Avelina, sei também que foram feitas buscas pelas autoridades com recursos a drones, penso que também terão sido usados cães nessas buscas das autoridades, mas a verdade é que nada foi detetado na altura, infelizmente foi detetado agora”, refere o advogado João Medeiros.
Segundo o advogado, em comunicado enviado à família, o Hospital rejeitou qualquer responsabilidade sobre o caso. Ainda assim, a família decidiu recorrer à justiça.
Irá também apresentar à Assembleia da República uma petição pública com 7.500 assinaturas para que o tema seja discutido.
[notícia atualizada]