Na sequência de vários incidentes de segurança na aviação ocorridos nos aeroportos do país, o diretor da empresa SkyExperts Consulting, Pedro Castro, apresentou uma queixa formal à Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).
À instituição sedeada em Colónia, na Alemanha, é pedido que intervenha e aborde as “alarmantes lacunas de segurança” observadas na aviação portuguesa, refere a empresa esta sexta-feira, em comunicado.
Em causa estão, entre outros, o incidente ocorrido no aeroporto do Porto no final de junho, quando a torre de controlo autorizou a aterragem de um avião enquanto na pista estava uma outra aeronave a aguardar para descolar.
"Quando um avião aterra numa pista não é suposto estar lá nada", afirma Pedro Castro à Renascença, classificando a situação como "extremamente perigosa" e da qual podia ter resultado um "desastre aéreo".
Em comunicado, a SkyExpert classifica o evento como “quase colisão”, o que revela “um problema sistémico que persiste e que é muitas vezes abafado”.
Pedro Castro explica que a queixa agora formulada tem como objetivo "alertar esta entidade supranacional [a EASA] sobre estes incidentes”, nomeadamente para a importância de ser feita uma supervisão "mais apertada".
O consultor refere ainda que é o próprio "ecossistema" do setor que "não está a ajudar para que as decisões sejam tomadas com toda a legitimidade e celeridade", questionando a gestão política de órgãos chave como a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), o regulador, ou a NAV, que gere o tráfego aéreo.
A ANAC tem uma presidente ainda em funções, mas cujo mandato terminou, refere o diretor da SkyExperts Consulting, enquanto a NAV continua sem presidente do conselho de administração desde que Alexandra Reis saiu da empresa.
O diretor da SkyExpert espera que haja um maior “acompanhamento, quer da NAV quer da ANAC, naquilo que são as conclusões que estes incidentes nos permitem desenhar na sua aplicação prática por parte destas entidades”.
“Acreditamos que a prevenção é a melhor segurança”, acrescenta o consultor, realçando ainda que “estes incidentes podem repetir-se porque nada ou pouco está a ser feito para os evitar”.
Questionada pela Renascença, a NAV optou por não comentar a queixa apresentada na Agência Europeia para a Segurança da Aviação.
A Renascença também tentou contactar a ANAC, mas até ao momento sem sucesso.