Sete meses desde o início da Guerra na Ucrânia acentua-se a dificuldade de os refugiados encontrarem casa no nosso país. Sinal indicativo dessa realidade o facto de no seminário do Bom Pastor, em Ermesinde - local que funciona como primeira resposta a quem foge da guerra - permanecerem nesta altura 50 pessoas.
O Padre Manuel Luís Brito, Presidente da Obra Diocesana de Promoção Social, revela que "nesta altura são escassas as ofertas de alojamento". De acordo com o sacerdote também o tempo médio de permanência na estrutura de acolhimento tem vindo a aumentar, em resultado da falta de alojamentos subsequentes.
Desde o início da guerra já foram acolhidas no Seminário do Bom Pastor 116 pessoas.
Ainda assim, o sacerdote adiante que há indicadores que apontam para sucesso na inserção. “Das 116 pessoas acolhidas 35 conseguiram a sua inserção no mercado de trabalho, e há nove jovens que já estão a estudar”, revela o padre Luís Brito. De acordo com o responsável foi em março que a estrutura de acolhimento recebeu mais pessoas “num total de 58 pessoas, seguido de abril com 33. Em maio o número já reduziu para oito, e agosto com dois refugiados foi o mês com menos entradas no Seminário do Bom Pastor”.
O Padre Manuel Luís Brito, Presidente da Obra Diocesana de Promoção Social, entidade que supervisiona a Estrutura de Acolhimento Coletivo no Seminário do Bom Pastor em Ermesinde, da responsabilidade da Diocese do Porto salienta que “vai continuar a ser possível acolher refugiados” e que se for necessário, “o seminário poderá albergar até um máximo de 70 refugiados”.
Dependência internacional da Ucrânia mantém guerra no centro da atualidade
Sete meses depois do início da guerra, a comunidade ucraniana em Portugal fala em sucesso de integração. O Padre Vasyl Bundzyak, mediador intercultural e municipal da comunidade de leste em Braga, diz que “a maioria dos refugiados procuram mesmo fazer vida no nosso país”. “Acompanhei várias famílias no seu processo de integração no mercado de trabalho, e também muitos dos que se dedicaram a aprender português e a maioria quer integra-se na sociedade”, relata.
O sacerdote ortodoxo refere que também recebeu “durante estes sete meses a informação de que há muitas famílias que pretendem regressar à Ucrânia”, mas sublinha que “há muitas pessoas que se integraram bem e que já tem as suas casas. Fazem a sua vida autónoma e querem fazer a sua vida em Portugal”.
O Padre Vasyl Bundzyak diz que não se pode prever quanto tempo mais poderá durar o conflito, e afirma que a dependência internacional da Ucrânia de alguns bens essenciais não retirará o foco noticioso da guerra.
“Sabemos que esta chantagem de Putin sobre a energia não vai sair da comunicação social do mundo e da europa. Sabemos que quando falamos de questões de trigo, sabemos que outros países dependem da Ucrânia. E sabemos que os ucranianos fora do país não vão deixar de falar da guerra e vão continuar a manifestar-se para que a comunidade internacional não esqueça a guerra na Ucrânia e que continuam a morrer milhares de pessoas na sociedade civil e também militares”, reforça.