A Ordem dos Nutricionistas quer que o Governo contrate nutricionistas que fiquem responsáveis pelas ementas das cantinas escolares e garantam a saúde dos jovens, num país onde quase metade das famílias tem dificuldade no acesso a alimentos.
A poucos dias do novo ano, a Ordem dos Nutricionistas anuncia como uma das suas prioridades para 2017 a luta por uma alimentação escolar de qualidade, que acredita que poderá ser assegurada por nutricionistas.
Em comunicado, a Ordem quer que o Governo cumpra “os requisitos de contratação de nutricionistas, pelas Direcções de Serviço Regionais de Educação, que supervisionem e orientem a elaboração das ementas de cantinas escolares de acordo com os princípios de uma alimentação saudável e equilibrada”.
Uma das razões para esta exigência prende-se com as recentes notícias de problemas detectados nas cantinas pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que instaurou 28 processos e suspendeu a actividade de uma cantina escolar.
Além disso, a Ordem recorda um estudo de 2014 da Direcção-Geral Saúde que indica que 45,8% das famílias teve algum tipo de dificuldade no acesso aos alimentos. Entre estes agregados familiares foi admitido que as crianças estiveram sujeitas a redução da ingestão de alimentos.
A Ordem alerta ainda para o aumento progressivo da obesidade e de doenças associadas entre os jovens: actualmente, metade da população tem excesso de peso ou obesidade, sendo que “há uma crescente incidência destes factores entre os jovens”.
Perante este cenário, a Ordem entende que as autoridades deveriam estar alerta para a importância da qualidade nutricional das refeições servidas nas cantinas escolares e da educação para hábitos alimentares saudáveis entre as gerações mais novas de portugueses.
No entanto, a Ordem considera que o Ministério da Educação não estará muito preocupado, tendo em conta as recentes notícias da detecção pela ASAE de incumprimentos de regras básicas de funcionamento em diversas cantinas escolares.
“A Ordem dos Nutricionistas pretende, desta forma, contribuir para a implementação de uma oferta alimentar saudável nas escolas portuguesas que, apesar de estar prevista e regulamentada pelo Ministério da Educação, tarda em ser implementada de forma eficaz”, defende.