"Flurona". Aumento da gripe pode levar a casos de infeção simultânea com Covid-19
03-01-2022 - 21:23
 • Lusa

Casos de "flurona" terão sido detetados pela primeira vez nos Estados Unidos, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19.

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O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) não registou casos de infeção simultânea pelos vírus que provocam a gripe e a Covid-19, mas admitiu, esta segunda-feira, que estas situações ocorram, face ao previsível aumento da atividade gripal.

"Com o aumento da circulação do vírus da gripe e a continuação da circulação do SARS-CoV-2, as coinfeções podem vir a ser detetadas", disse à Lusa Raquel Guiomar, responsável pelo laboratório nacional de referência para o vírus da gripe e outros vírus respiratórios do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA.

"Em Portugal ainda não detetámos casos de infeção pelo vírus da gripe e por SARS-CoV-2. A pesquisa de SARS-CoV-2 e gripe está a ser feita em paralelo em todas as amostras do programa nacional vigilância da gripe e de outros vírus respiratórios e não foram detetadas coinfecções covid/influenza", adiantou Raquel Guiomar.

No domingo, o Ministério da Saúde de Israel confirmou à agência de notícias EFE que foi detetado no país o primeiro caso de contágio simultâneo pelo coronavírus SARS-CoV-2 e pelo vírus influenza, coinfeção que recebeu a designação "flurona", numa mulher grávida não vacinada.

"Flurona" é uma designação definida a partir dos termos 'flu' (gripe, em inglês) e 'rona' (de coronavírus).

A mulher recebeu alta a 30 de dezembro, após ser tratada a sintomas ligeiros derivados dessa infeção dupla (gripe e Covid-19), acrescentou o jornal “Times of Israel”.

Casos de "flurona" terão sido detetados pela primeira vez nos Estados Unidos, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19.

Os especialistas do Ministério da Saúde israelita acreditam que haja casos semelhantes, ainda não identificados, quando quase duas mil pessoas estão internadas por gripe e ao mesmo tempo os casos positivos da variante Ómicron do SARS-CoV-2 estão a aumentar no país.

Em Portugal, o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe do INSA, divulgado a 30 de dezembro, indicou que Portugal apresenta uma atividade gripal com tendência crescente, com uma taxa de incidência de 19,9 casos por cada 100 mil habitantes.

Relativamente ao indicador de gravidade, foi reportado um caso de gripe (influenza A) pelas 17 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação, não tendo sido comunicadas situações de gripe pelas enfermarias.

Segundo dados desta segunda-feira da Direção-Geral da Saúde, mais de 2,4 milhões de pessoas estão já vacinadas contra a gripe, incluindo quase 1,5 milhões de idosos com 70 ou mais anos, que representam 88% destes grupos etários.

Já análise de risco da pandemia, divulgada na sexta-feira, avançou que o país apresenta uma atividade epidémica do coronavírus de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, registando-se hoje uma taxa de incidência nacional de 1.805,2 casos de infeção por 100 mil habitantes a 14 dias.

A Covid-19 provocou 5.441.446 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.000 pessoas e foram contabilizados 1.434.570 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde de hoje.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.