PCP acusa PSD, IL e Chega de "objetivos e propósitos antidemocráticos"
19-11-2022 - 17:48
 • Henrique Cunha

O novo líder no primeiro comício enquanto secretário-geral disparou em várias direções. Diz que os recentes casos que envolvem o governo visam alterar a Constituição.

O PCP acusa o PSD, a Iniciativa Liberal e o Chega de terem objetivos e propósitos antidemocráticos. O novo líder comunista, Paulo Raimundo, deixou a acusação esta tarde num comício em Matosinhos numa referência aos seus projetos de revisão constitucional.

Paulo Raimundo diz que o PS fez mal em abrir a porta a nova revisão constitucional. “Fez mal o PS em ser interveniente e dar espaço e oportunidade para que objetivos e propósitos reacionários e antidemocráticos bem patentes nos projetos de PSD, Chega e IL tenham campo para medrar. Faz mal o PS quando estende a mão ao PSD para com ele concertar alterações que fragilizam e atacam direitos fundamentais", disse Raimundo

O líder comunista garante que o problema do país não está na Constituição, mas sim no seu cumprimento e entende mesmo que os sucessivos casos mediáticos têm como objetivo atingir o regime democrático e a própria Constituição.

"O problema da Constituição não está no seu conteúdo, o problema está na não aplicação integral na vida de todos os dias, não é um texto que está desadequado da realidade, é a realidade vivida que foi sendo afastada do texto constitucional, para prejuízo da generalidade da população”, adianta.

Raimundo criticou também o foco mediático estar “centrado na agitação de sucessivos casos”.

“Para nós é claro, investigue-se o que há para investigar, apure-se o que há para apurar, responsabilize-se quem for de responsabilizar e ponto final. Há quem queira alimentar estes casos porque vê nisso, mais do que práticas condenáveis, uma forma de atingir o regime democrático e a própria Constituição", sublinha.

O recém-empossado comunista deixa críticas ao Orçamento do Estado que aprofunda o empobrecimento da maioria da população, continua a degradação do SNS e aposta na redução da dívida e do défice. O PCP quer a fixação de preços de bens essenciais e dos combustíveis e o IVA da eletricidade nos 6 %.

“Da nossa parte defendemos e propomos mais uma vez a fixação de preços, bens e serviços essenciais onde se englobam os alimentos, os combustíveis, a eletricidade e o gás com o controlo de preços do cabaz alimentar"", defendeu

O PCP insiste também num spread máximo de 0,25 por cento na caixa geral de depósitos e uma atualização de rendas inferior a meio por cento.

"Propomos um spread máximo de 0,25% a praticar pela Caixa Geral de Depósitos, a atualização máxima das rendas até 0,43%, propomos fazer corresponder a subida das taxas Euribor a uma redução de taxas, comissões bancárias e outros encargos cobrados pelos bancos", enumerou.

Por fim, o PCP insiste no aumento de salários e pensões. Paulo Raimundo considera dramático "os pais terem de optar entre comida na mesa ou tempo para brincar com os seus filhos”.