“Olhar para o copo meio cheio, em vez de ver o copo meio vazio”. O governador do Banco de Portugal alerta que o aperto às famílias pode continuar por mais dois anos, mas garante que muitos países europeus não conseguiram os resultados que a economia portuguesa conseguiu em 2022.
Na apresentação do boletim económico de março, onde o Banco de Portugal reviu em alta o crescimento para este ano, para 1,8%, e em baixa a inflação, para 5,5%, Centeno pediu “otimismo”, no dia em que o INE também confirmou um défice de 0,4% em 2022.
“Temos muito pouco hábito de saudar os bons resultados em Portugal. Antes, em vez de estarmos a olhar para o copo meio vazio, apelo para olharmos para o copo meio cheio e o continuarmos a encher”, disse.
O governador do Banco de Portugal refere ainda que o aperto sobre as condições financeiras “não termina quando o processo de subida de taxas parar” e que vai continuar por “dois anos ou dois anos e meio”.
Centeno foi ainda confrontado com uma situação inédita, a antecipação de números do boletim económico por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, mas minimizou o episódio e rejeita consequências.
“Não houve nenhuma divulgação. Aliás, Houve uma citação do Banco de Portugal, eu é que fez a apresentação do boletim. Não há nenhuma consequência que eu possa imaginar sobre a realidade económica ou a realidade financeira dessa situação”, disse.
Sobre as medidas de apoio à economia apresentadas esta sexta-feira pelo governo, recusa comentar, porque ainda não conhece, mas apoia o que for temporário.
“Não tenho conhecimento dele no detalhe suficiente para poder poder comentar. As medidas que forem temporárias, que forem focadas naquilo que é o desafio que temos, que é o desafio da inflação, que não gerem contra vapor com a política monetária, são naturalmente bem vindas”, afirmou.
Centeno defendeu ainda o bom momento da banca nacional, que se mostra sólida e capitalizada e afasta sinais de tensão na banca europeia, num dia em que o Deutsche Bank, o maior banco alemão, registou fortes perdas em bolsa.