Se o SNS tivesse médicos em número suficiente, nada disto acontecia. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reage desta forma aos números do gabinete de segurança do Ministério da Saúde, avançados pelo jornal "Público", segundo os quais houve, em 2023, mais de dois mil episódios de violência em hospitais e centros de saúde.
Este número implicou que os profissionais de saúde estiveram quase 3.300 dias de baixa.
De acordo com estes dados, 23% dos profissionais de saúde queixaram-se de ter sofrido um episódio de violência no ano passado.
A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, não estranha este número. "Provavelmente, as agressões no dia a dia, como as agressões verbais, serão bem superiores", diz à Renascença.
Joana Bordalo e Sá lembra que o Plano de Acão para a Prevenção da Violência do Sector da Saúde, aprovado em 2022, continua à espera de portaria e, assim, a presença dos agentes policiais nas instituições de saúde nunca chegou a avançar.
A dirigente sindical sublinha que todas estas situações se evitavam com mais médicos com melhores condições de trabalho: "O caminho é acima de tudo prevenir, de forma a evitar estas situações. E só se evita se efetivamente houver médicos em número suficiente e com condições de trabalho que também sejam dignas."
"É algo que não foi salvaguardado pelo anterior Ministério, pelo doutor Manuel Pizarro, mas esperemos que com esta nova Ministra haja sensibilidade e razoabilidade para voltarmos rapidamente a uma negociação para resolvermos a situação."