Os bombeiros profissionais anunciaram esta segunda-feira que vão realizar uma greve entre os dias 19 de dezembro e 2 de janeiro em protesto contra as propostas do Governo que regulam o estatuto e o regime de aposentação.
O anúncio da greve de 15 dias foi feito durante a concentração de protesto realizada ao longa da tarde de hoje e promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), a que se juntaram a Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP) e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP).
"Vamos alargar a luta com o início de uma greve de 15 dias, será a primeira de muitas se o Governo não recuar", disse à agência Lusa António Pascoal, dirigente dos sapadores de Lisboa no STML.
Os bombeiros profissionais concentraram-se inicialmente na Praça do Comércio, onde derrubaram as grades que estavam colocadas no local e foram travados junto à porta do Ministério da Administração Interna (MAI), onde estava uma delegação a entregar uma moção com as reivindicações.
Da Praça do Comércio, os manifestaram dirigiram-se para a Câmara Municipal de Lisboa com o objetivo de entregar uma carta ao presidente da autarquia, Fernando Medina, com os motivos do protesto.
Como Fernando Medida não estava na Câmara de Lisboa, ficou marcada uma reunião entre o autarca e as estruturas sindicais para as 12:00 de terça-feira.
Durante o protesto, além de sirenes, a palavra de ordem mais ouvida entre os bombeiros profissionais foi "deixa arder".
Em causa está o novo estatuto profissional que regula a carreira especial de sapador bombeiro e de oficial sapador, e o novo regime de aposentação, aprovados na generalidade pelo Governo a 25 de outubro.
Esta proposta do Governo cria uma carreira unificada para os bombeiros municipais e sapadores e novas tabelas remuneratórias, além de integrar os operacionais da Força Especial de Bombeiros e os trabalhadores do Instituto de Conservação Natureza e das Florestas (ICNF) que desempenham funções de sapador florestal.
Para António Pascoal, a iniciativa apresentada pelo Governo "não vai valorizar a carreira e põe o socorro em risco", contestando a aposentação que vai passar para os 60 anos e a proposta salarial, em que o bombeiro profissional "pode ganhar abaixo do salário mínimo nacional".
Fernando Curto, presidente da ANBP, disse por sua vez que há três patamares que os bombeiros não vão abdicar, designadamente as carreiras, a situação dos salários e a aposentação.
Segundo o presidente da ANBP, as carreiras vão diminuir, passando a existir quatro postos em vez dos atuais sete.
Fernando Curto contestou também a questão salarial, sublinhando que não entende "como é que o Governo unindo uma carreira consegue diminuir o índice salarial, que passa de 890 euros para 600 euros".
A deputada do Bloco de Esquerda Sandra Cunha esteve presente na manifestação para manifestar o desagrado do partido com a proposta apresentada pelo Governo, considerando que vai criar "mais injustiças, não só ao nível remuneratório porque baixa a remuneração, nomeadamente dos bombeiros sapadores, como também no que diz respeita às regras para a aposentação".
"À boleia de se uniformizar uma carreira, o Governo aparentemente decide nivelar por baixo. Isso é absolutamente inaceitável", disse à Lusa Sandra Cunha, sublinhando que "esta proposta não serve".