Num manifesto já apresentado ao Presidente da República e que vai agora ser partilhado com os principais partidos políticos, a Associação Business Roundtable Portugal (BRP) apresenta várias medidas para pôr Portugal a crescer.
As 40 maiores empresas do país defendem que Portugal tem de crescer perto de 4% ao ano, para chegar ao 15º lugar da União Europeia (UE) em 2043 e aproximar-se, assim, dos países mais desenvolvidos.
À Renascença o Secretário-Geral da Associação BRP, Pedro Ginjeira do Nascimento, lembra que “crescemos ao longo deste século menos de 1% ao ano e isto é um quarto daquilo que cresceram os países com os quais nos devemos comparar dentro da União Europeia”.
A Associação pede “mais ambição”, porque “não estamos a criar mais riqueza, não estamos a recuperar capacidade e sem isso todas as outras discussões são subalternas. Sem essa criação de riqueza, não podemos discutir como é que vamos distribuir, como é que vamos sustentar um melhor estado social.”
Segundo as contas da associação, o país precisa de um crescimento anual de 3,9% ao ano, para recuperar competitividade e atratividade.
“Na última década saíram de Portugal mais de 875 mil portugueses, tornando-nos hoje no 8º país do mundo com a maior percentagem da população a viver fora do país, e todos os anos perdemos para a emigração o equivalente a 40% dos novos licenciados”, recorda Pedro Ginjeira do Nascimento. “Por outro lado, nos últimos anos, seis dos sete unicórnios de origem portuguesa também decidiram deixar o país. As grandes empresas, que pagam melhores salários, mais investem, mais inovam, mais produzem e criam riqueza, estão a investir no estrangeiro”.
Para travar a fuga de investimento e de “cérebros”, defendem a redução da penalização do trabalho e a promoção do crescimento e escala das empresas.
Na prática, pedem menos impostos sobre os rendimentos do trabalho e menos encargos com a segurança social, a revisão dos escalões de IRS para que penalizem menos o aumento de rendimentos, eliminar a progressividade no IRC e simplificar este imposto.
O documento defende ainda menos burocracia nos licenciamentos, uma justiça fiscal mais célere, a reabilitação das Parcerias Público-Privadas e mais fundos europeus para as empresas.
O "Manifesto por um Portugal Mais Justo, Próspero e Sustentável" é o contributo da Associação BRP para as próximas legislativas. A Associação apresenta-se como apolítica, mas defende uma mudança estrutural no país que deve começar junto dos centros de decisão. Nesse sentido, surgem estas propostas, que estão a ser apresentadas primeiro aos dirigentes políticos e partidários, mas que visam também os decisores empresariais, a sociedade civil e os portugueses em geral.