Palmas para as palavras de ordem, como “Paz sim, guerra não” e apupos sempre que se pronunciou o nome do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa foi mesmo referência comum das diferentes intervenções programadas inicialmente para a Avenida dos Aliados, mas que acabariam por acontecer na Praça D. João I, porque há mesma hora decorria uma outra manifestação junto à Câmara do Porto, com um protesto contra o aumento do IUC.
Pela terceira vez desde o início do conflito entre Israel e o Hamas que a cidade do Porto voltou a ter nas ruas uma manifestação contra a intervenção de Israel em Gaza.
O protesto começou tímido, talvez por causa da ameaça de chuva, mas ganhou alguma expressão quando os manifestantes iniciaram a sua marcha.
A encabeçar a manifestação encontramos a comunista Ilda Figueiredo. Em declarações à Renascença, a antiga deputada explicou que a sua presença visava exigir “o fim ao massacre e a defesa do cessar-fogo imediato”. “Que Israel acabe com o massacre que está a fazer em Gaza. Já chega de quase 10 mil mortos em Gaza, dos quais cerca de 5 mil crianças”, sublinhou.
A antiga candidata à Câmara do Porto não disfarçou alguma irritação quando interrogada sobre a sua ausência de manifestações contra a invasão da Ucrânia, lembrando que “nós (PCP) sempre defendemos o fim da guerra na Ucrânia. “Sempre lutamos pela paz e contra a guerra e não confunda a Palestina e o que Israel está a fazer em Gaza. Isso é para desviar a atenção. O que Israel está a fazer em Gaza é um crime contra a humanidade”, prosseguiu.
Ilda Figueiredo sublinha que “em 3 semanas foram mortas quase 10 mil pessoas”, e afirma que “ninguém no mundo pode aceitar uma coisa destas, pois isto não pode ser confundido com mais nada”. “O mundo tem que dizer basta”, sentenciou.
Por fim, Ilda Figueiredo aproveitou para lamentar “aquilo que o Presidente da República disse porque não corresponde ao sentimento do povo português que tem dito fim à guerra, tem dito cessar-fogo imediato”. “É preciso que Israel cumpra resoluções da ONU de há 75 anos. E é preciso que o mundo obrigue Israel a cumprir as resoluções que criam o Estado da Palestina independente”, concluiu.
Diversos movimentos aderiram ao protesto. Catarina Alves, do Movimento Democrático das Mulheres explicou à reportagem da Renascença que a motivava “a defesa da paz” e que a sua presença tinha o objetivo particular de “chamar a atenção para todas as mulheres e crianças vítimas neste genocídio”. “O que está a acontecer é absolutamente inaceitável. Temos conhecimento de que há cerca de 50 mil mulheres grávidas em Gaza neste momento, muitas tem tido abortos espontâneos devido a todo o stress. Não têm condições médicas para ter os seus filhos”, lamentou.
Enquanto falava à Renascença, Catarina apontava para uma corda que mais parecia um estendal de roupa de criança, e explicava o seu objetivo: “esta corda a que nós chamamos a corda por Gaza tem roupas de criança, que na verdade são roupas das filhas das nossas amigas do nosso movimento e tem espalhados dados que elucidam o que é esta chacina que está a acontecer em Gaza”. "Já vamos em 5 mil crianças que foram mortas. E pretendemos em próxima iniciativa atualizar os números que infelizmente já estão desatualizados ”rematou.