O diretor artístico do Teatro Nacional D.Maria II, onde Eunice Muñoz se estreou, diz que se perdeu uma figura da história de Portugal e confessa que lhe veio uma imagem à cabeça, quando soube da morte da atriz.
"Lembrei-me de um espetáculo que vi no teatro Aberto em que a Eunice dava voz a uma coluna de cenografia no centro do palco… e como essa imagem para mim foi tão marcante e se colou à imagem que tenho dela: essa ideia de centralidade, de sustentação, de suporte, de coluna vertebral do que é o teatro português". Por isso, diz Pedro Penim, "o dia de hoje é um abanar muito significativo e definitivo dessa estrutura".
Pedro Penim lembra o momento em que Eunice encerrou a carreira, no teatro onde se estreou.
"A Eunice estreou-se na casa que agora dirijo, no Teatro Nacional, a 28 de novembro de 1941. Há 80 anos. E tivemos todos a sorte de a ter na mesma data, no ano passado, no mesmo palco que pisou quando tinha 14 anos. E este arco perfeito, porque foi assim a sua carreira, acaba por dar algum consolo, por saber que a Eunice voltou por uma última vez ao seu palco, á sua casa. Porque aquele palco era dela. Todo o teatro abanava quando ela chegava. Porque ela era de facto essa coluna".
Para o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Eunice é uma figura da história de Portugal.
"Mesmo quem não a conhecia sentia que ela era esta figura maternal. Mas ela era mais do que a sua presença no teatro. É uma figura da história de Portugal que trouxe modernidade, força, capacidade de invenção, criatividade á sua arte, de uma forma tão avassaladora que acaba por influenciar o decorrer histórico deste país. Só agora começaremos a perceber o que acabámos de perder."