Porque há riscos de fugas de gases nocivos para a atmosfera, a Associação Portuguesa de Empresas dos Setores Térmico, Energético, Eletrónio e Ambiente (APIRAC) alerta para o facto de haver técnicos não certificados a instalar aparelhos de ar condicionado.
Em entrevista à Renascença, e em tempo de temperaturas altas, o secretário-geral Nuno Roque diz que têm disparado as denúncias de problemas na instalação destes equipamentos.
“Recebemos com frequência relatos de comportamentos marginais relativamente à instalação deste tipo de equipamentos”, afirma, lembrando que “a nível europeu, impõe-se que a instalação seja efetuada apenas por empresas certificadas”.
“Isto na defesa dos bons propósitos que se desejam para o funcionamento destes sistemas, quer ao nível de uma correta instalação tendente a uma redução de consumos energéticos e, sobretudo, à eliminação de fugas que têm efeito nocivo tendo em conta o tipo de substâncias utilizadas para a atmosfera”, explica.
Tem aumentado o número de instaladores ilegais de ar condicionado. O problema levanta riscos para a saúde e ambiente. Nuno Roque da APIRAC alerta os consumidores para o facto de acautelarem uma instalação certificada.
“Só mesmo com uma intervenção de empresas completamente habilitadas é que conseguimos garantir que os benefícios que estes sistemas podem trazer são efetivamente assegurados. Este é um problema que deve ser acautelado quer pelos operadores económicos, que intervêm ao nível da cadeia de valor, quer pela consciencialização do consumidor do utilizador final de exigir comprovação de qualidade e certificação por parte da empresa que se propõe instalar nos equipamentos”, defende.
Medidas inscritas no PRR são “descontinuadas”
A crítica é da APIRAC – a Associação Portuguesa de Empresas dos Setores Térmico, Energético, Eletrónico e Ambiente.
Questionado pela Renascença, sobre de que forma empresas e consumidores podem poupar nos consumos devido à escalada de preços do gás, o secretário-geral da APIRAC, Nuno Roque lamenta que apoios que existem sejam insuficientes e dispendiosos.
“São soluções que obviamente implicam investimento. Daí que tenham surgido, designadamente no PRR, algumas possibilidades de apoiar o investimento neste tipo de equipamentos e sistemas. Só que são medidas descontinuadas ou medidas que, por diversas razões, não têm, portanto, uma continuidade do ponto de vista da sua implementação, que vai cortando a adoção”, explica.
Segundo Nuno Roque, o investimento para a maioria dos portugueses e das empresas não se torna prioritário, devido ao seu custo elevado.
“Temos que cerca de 70% da população ativa que leva para casa, em termos líquidos, valores iguais ou inferiores a 1.000 €. Não é fácil. Ao nível da sua capacidade de poupança, de adotar, escolher e investir neste tipo de soluções. Também ao nível das empresas, as suas opções passam, obviamente muitas vezes, por salvar os seus compromissos ao fim do mês de salários, postos com contribuições, com fornecedores”, conclui.