Arquivos eclesiásticos são para "minorar" abusos de menores, não para "guardar coisas que não prestam"
10-06-2022 - 15:45
 • Renascença

Vaticano já definiu parâmetros de acesso aos arquivos eclesiásticos. D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, diz que os "abusos são a perversão total" do que defende a Igreja Católica.

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, quer que os arquivos eclesiásticos sirvam para "encontrar forma de minorar e solucionar" e não para "guardar coisas que não prestam", em referência ao tema dos abusos e da proteção de menores na Igreja Católica Portuguesa.

"Recebemos uma explicação, não uma autorização, dos parâmetros em que tudo isto se move, concretamente em relação aos arquivos, que não queremos que sejam para guardar coisas que não prestam, mas para preservar a dignidade", afirma.

O objetivo "não é para colocar tudo em praça pública porque isto não é modo de fazer justiça, porque vamos criar outras injustiças, para defender as vítimas ou hipotéticos perturbadores, o que queremos é que se faça justiça, esclareça e fazer luz sobre isto".

D. José Ornelas garante atenção nos direitos individuais de cada um, no sentido do “segredo de justiça, regulação de dados e proteção de dados individuais”.

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinha a importância do trabalho da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja em Portugal, num momento em que se realiza a peregrinação nacional de crianças ao Santuário de Fátima.

"Abusos são a perversão total, a inversão do que aqui se diz, da ternura de Maria para com os pastorinhos, ternura das crianças que vêm e que encontram aqui espaço de um sonho e onde se amassa os sentimentos e a fé, há que evitar que tudo isto seja pervertido por abusos das crianças, seio da Igreja e no seio familiar, é importante”, termina.

Mensagem para crianças ucranianas

No discurso na peregrinação, D. José Ornelas lembrou as crianças ucranianas, que precisarão de "coragem" para a reconstrução do país.

"Olhamos com especial atenção para os meninos e meninas da Ucrânia, que não vivem só a pandemia, mas uma guerra que destrói as suas escolas, casas e hospitais. Estão no nosso coração, esperamos ser capazes de ajudá-los e dar-lhes coragem para vencerem estas dificuldades para reconstruirem o seu país", disse o bispo.

O Santuário de Fátima voltou a acolher milhares de crianças na peregrinação anual dedicada aos mais novos, dois anos depois de um interregno na realização presencial devido à pandemia de Covid-19.