A farmácia Évora, a maior da cidade e que aderiu aos testes comparticipados, não tem tido mãos a medir nos últimos dias.
“A procura é muita” e existe “capacidade para dar resposta a todos os pedidos”. Em declarações à Renascença, Ana Gomes, a responsável pela farmácia, refere que estão a ser efetuados, por dia, “entre 130 a 150” testes antigénio.
“Se tivéssemos maior capacidade, certamente que realizaríamos muitos mais, mas são muitas as recusas que temos de fazer”, lamenta.
Há uma semana, precisamente, que os testes rápidos de antigénio realizados nas farmácias e laboratórios aderentes ao regime excecional de comparticipação, voltaram a ser gratuitos, uma vez que o Governo decidiu prolongar essa medida até 31 de dezembro. A comparticipação compreende quatro testes por mês e por utente.
A decisão do Ministério da Saúde, de renovar este regime de exceção por causa da atual situação epidemiológica e pela importância de voltar a intensificar a realização de testes como forma de controlo da pandemia, apanhou de surpresa a maioria das farmácias portuguesas.
A escassez de recursos e toda a burocracia que envolve o processo implementado num curto espaço de tempo, retraiu as farmácias que, jogando pelo seguro, decidiram não aderir ao sistema.
Não foi o caso da farmácia Évora que, “apesar das limitações”, optou por “ajudar a comunidade”, relegando para segundo plano “a questão económica”.
“Estamos a fazer um serviço público e a permitir que as pessoas façam a vida, dentro das limitações que há, o mais normal possível”, acrescenta esta responsável, temendo que o número de pedidos de teste venha a aumentar significativamente.
“Temos a certeza que isso vai acontecer. Aliás, na primeira semana que aderirmos, a procura era inferior à que se regista atualmente”, por isso, garante, “estamos a fazer os possíveis para dar uma resposta maior aos nossos utentes e a todas as pessoas que nos procuram”.
De acordo com o Infarmed, a Autoridade Nacional do Medicamento, nesta sexta-feira, há 696 farmácias e 181 laboratórios que integram a chamada lista de farmácias de oficina.
O Alentejo, depois da consulta feita pela Renascença, é a região onde há menos farmácias aderentes. Fazendo as contas aos distritos de Portalegre, Évora e Beja, conclui-se que são apenas 25, as farmácias que estão a realizar estes testes rápidos antigénio comparticipados.
A situação mais preocupante toca o distrito de Beja, onde apenas existe uma farmácia, nestas condições, num universo de mais de meia centena.
Beja sem acesso a “importante medida de saúde pública”
A denúncia é feita pelo Partido Comunista Português (PCP), numa pergunta que dirigiu à ministra da Saúde, subscrita pelos deputados João Dias e Paula Santos.
Os comunistas questionam o Governo sobre se concorda com que população do distrito de Beja esteja “praticamente excluída de uma importante medida de saúde pública”.
Contactado pela Renascença, o deputado João Dias refere que no distrito de Beja, “apenas uma farmácia, em Odemira, está nesta lista, num universo de 53”, o que é “incompreensível”, quando foram tomadas medidas que exigem “certificado de testagem em muitas situações do dia-a-dia, como em visitas a hospitais ou lares”.
João Dias lembra “que são custos e gastos que se atiram para cima das pessoas”, sobretudo, num distrito “muito disperso, completamente desprotegido sem esta medida”, exigindo ao Governo que seja dado tratamento igual a todos.
“Por aqui se vê a posição e a postura do Governo relativamente às assimetrias regionais que continuam a existir”, por isso “queremos que o Governo esclareça esta situação e tome medidas com urgência”, pede o deputado do PCP.
No requerimento enviado ao executivo, os comunistas argumentam ainda que, nesse distrito alentejano, não é disponibilizado nenhum serviço público de saúde, seja nos cuidados de saúde primários, seja no hospital, ao qual a população possa aceder para fazer um teste rápido de antigénio”.