O grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) passou a ser o terceiro maior grupo no Parlamento Europeu, depois de anunciar esta quarta-feira que 11 eurodeputados foram admitidos na família política de Giorgia Meloni.
Os 83 eurodeputados atualmente no ECR são mais três do que os pertencentes ao Renovar a Europa, o grupo dos partidos liberais. O Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas e Democratas (S&D) continuam a ser os maiores grupos políticos do Parlamento Europeu, com 190 e 136 deputados, respetivamente, na atual contagem.
A composição dos grupos políticos no Parlamento Europeu pode continuar a mudar, principalmente até à sessão constitutiva da instituição representativa dos cidadãos da União Europeia. Essa sessão, a primeira do Parlamento Europeu após as eleições de 2024, decorre de 16 a 19 de julho, em Estrasburgo.
A posição do Renovar a Europa como terceiro maior grupo no Parlamento Europeu pode ser recuperada caso os eurodeputados do Volt, que o partido pan-europeu elegeu nos Países Baixos e na Alemanha, adiram ao grupo dos liberais - o que pode ser anunciado já esta quinta-feira, segundo avança o “Politico”.
Contudo, a diferença entre o ECR e o Renovar a Europa deverá continuar reduzida a poucas unidades, pelo que o Parlamento Europeu passará a contar com dois grupos políticos de tamanho semelhante – apesar de apenas os liberais pertenceram à coligação governadora da UE, em conjunto com o PPE e o S&D.
Esta também não é a primeira vez que o ECR, composto por deputados eurocéticos, na maioria eleitos por partidos considerados de extrema-direita, é o terceiro maior grupo do Parlamento. Tal já aconteceu em 2014, numa altura em que o grupo tinha apenas 45 eurodeputados, contra os 183 dos Socialistas e os 221 do PPE.
Extrema-direita francesa e romena são os maiores reforços
As adesões mais notáveis ao grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus são as de três eurodeputados eleitos pelo Reconquista, o partido francês de extrema-direita fundado por Éric Zemmour. Marion Maréchal (sobrinha de Marine Le Pen), Guillaume Peltier e Laurence Trochu juntaram-se a Nicolas Bay, que já era membro do ECR.
Os quatro têm em comum terem sido expulsos do Reconquista por Zemmour a 12 de junho, apenas três dias após as eleições, depois de uma disputa pública sobre as negociações para uma aliança com o União Nacional, liderado por Marine Le Pen, para as legislativas antecipadas marcadas por Emmanuel Macron.
Entre os novos eurodeputados do ECR há ainda um grupo de cinco eurodeputados a Roménia, do partido Aliança para a União dos Romenos (AUR), um partido de extrema-direita populista e nacionalista que quer fundir a Roménia com a Moldova, assim como territórios vizinhos onde vivam falantes de romeno – e é crítico do apoio militar à Ucrânia, assim como de ligações à Rússia.
Era esperado que os Conservadores e Reformistas Europeus pudessem ainda vir a contar com os eurodeputados do Fidesz, o partido de Viktor Orbán, que abandonou o PPE pouco antes de ser expulso do grupo, em 2021, e está atualmente a contar para os eurodeputados não-inscritos. Mas a adesão dos deputados romenos pode ser a machadada final nessa hipótese, já queo partido se queixa das "posições extremas anti-húngaras" do AUR" do AUR.
As adesões ao ECR contam ainda com eurodeputados da Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Letónia, Lituânia, Luxemburgo e Finlândia.
O ECR descreve-se a si mesmo como “uma força construtiva de centro-direita". Apesar de uma união do grupo com o Identidade e Democracia, liderado pelo partido de Le Pen, ser bastante falada antes das eleições europeias, não há sinais públicos de que tal fusão esteja a ser preparada.