As farmácias estão a demorar mais tempo para repor medicamentos de combate às infeções respiratórias. O mercado tem escassez de paracetamol, ibuprofeno e xaropes para crianças.
O alerta é feito na Renascença pela presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF). Ema Paulino diz que a reposição de stocks tem sido feita, mas com alguns dias de atraso e avisa que, se houver uma corrida ao medicamento, corre-se o risco de rutura.
“Se a procura for à medida das necessidades, eu diria que vamos tendo stock suficiente. Se, de facto, houver uma corrida, digamos assim, às farmácias, para as pessoas comprarem medicamentos que não estão a necessitar naquele momento, há um maior risco de isso poder acontecer, porque os mercados são abastecidos de acordo com aquelas que são as previsões de necessidade e não previsões de pessoas que possam querer ter um stock de medicamentos em casa”, avisa.
Segundo Ema Paulino, os medicamentos que têm sido mais afetados pelas flutuações “são o paracetamol, o ibuprofeno e alguns antibióticos por via oral, ou seja, suspensões para crianças”. No entanto, “nunca houve uma escassez durante um período de tempo significativo”, reconhece.
“Tem havido reposição ao longo do tempo, não tem é sido com a rapidez como muitas vezes temos visto a procura”, acrescenta a presidente da ANF, que estará esta terça-feira na Comissão Parlamentar de Saúde para falar justamente sobre a eventualidade de rutura de medicamentos nas farmácias.
Ema Paulino defende ainda que seria importante “dar maior capacidade ao farmacêutico” para poder substituir um medicamento em falta, dando, como exemplo, a possibilidade de trocar “uma embalagem grande por duas pequenas ou quando o médico prescreve 10mg e só está disponível a embalagem de 5mg, dispensar esta última com a indicação de tomar dois comprimidos”, para evitar que as pessoas tenham de se “deslocar ao médico quando há alternativas no mercado”.
A presidente da Associação Nacional de Farmácias lembra ainda que está disponível a linha telefónica com o número 1400 para onde as pessoas podem ligar, se tiverem dificuldade em encontrar os medicamentos necessários.
Segundo o relatório intercalar 2022 do “Índex nacional do acesso ao medicamento hospitalar” da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), 18% dos hospitais portugueses têm ruturas diárias no stock de medicamentos, 23% semanais e 32% roturas mensais.
À Renascença, o presidente da APAH explicou que “o problema não está nos hospitais, mas sim com a capacidade da produção ou de quem entrega e não com a capacidade dos hospitais em comprarem”.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, garantiu no sábado que não vão faltar medicamentos essenciais em Portugal. “Os portugueses podem estar tranquilos, não há nenhuma falta de medicamentos essenciais nos hospitais ou nas farmácias portuguesas”, disse aos jornalistas.
Numa altura de maior consumo por causa das infeções respiratórias e de menor capacidade de resposta por causa da guerra na Ucrânia tem havido ruturas sobretudo das formulações pediátricas.
O governante garantiu que a situação está a ser acompanhada e não há motivos para preocupação.