As mulheres vão estar sujeitas à lei islâmica (sharia), mas vão poder trabalhar e estudar, garantiu esta terça-feira o porta-voz dos talibãs. Zabihullah Mujahid assegura que o Afeganistão não vai ser usado como base para ataques terroristas, como aconteceu em 2001.
“Elas vão estar sujeitas aos direitos das mulheres previstos na sharia. Vão trabalhar ombro a ombro ao nosso lado”, disse Zabihullah Mujahid, numa conferência de imprensa realizada em Cabul.
O porta-voz talibã reforça que as mulheres serão "muito ativas" na nova sociedade afegã, "dentro das regras" dos chamados "estudantes de teologia".
Nesta conferência de imprensa histórica após a tomada do poder, Zabihullah Mujahid disse que a nova liderança talibã não quer criar inimigos na comunidade internacional.
"Não queremos inimigos internos ou externos", disse o porta-voz do movimento que tomou o Afeganistão após duas décadas de intervenção internacional.
"Queremos garantir que o Afeganistão vai deixar de ser um campo de batalha", declarou.
O porta-voz adiantou que os soldados que combateram contra os talibãs vão receber um perdão, assim como outros tradutores para os exércitos estrangeiros no terreno. "A animosidade chegou ao fim", sublinhou Zabihullah Mujahid.
Grupo promete manter a segurança e liberdade de imprensa, com condições
A histórica conferência de imprensa é o pico de uma abertura sem precedentes dos talibãs aos média. E nas várias intervenções públicas, incluindo no Twitter, o grupo tem procurado contrariar os relatos de violência, desaparecimentos, casamentos forçados e mortes que circulam nas redes sociais.
Zabihullah Mujahid começou a conferência por afirmar que o objetivo era parar à porta de Cabul, mas o Governo "incompetente" do Afeganistão fez o grupo avançar para "garantir a segurança".
E nessa promessa de segurança, o porta-voz do grupo disse que a segurança das embaixadas é também "de crucial importância", incluindo a dos Estados Unidos.
Quanto à imprensa, que receia o regresso da censura e da opressão a jornalistas, os talibãs referiram que permitiram uma "imprensa livre e independente", mas fez um "pedido", para que esta "não seja contra os valores islâmicos e, portanto, esses valores devem ser tidos em conta no que toca às atividades dos média".
E, acrescentou Mujahid, "no que toca às diferenças étnicas, a diferenças e hostilidades religiosas, estas não devem ser promovidas pela imprensa".
[Notícia atualizada às 18h01]