O Presidente da República pede que se aguarde "serenamente, sem formular juízos prévios", o resultado da investigação que envolve o Ministério da Defesa, no âmbito da Operação "Tempestade Perfeita".
O chefe de Estado falava aos jornalistas no Bairro do Zambujal, na Amadora, distrito de Lisboa, interrogado sobre a operação da Polícia Judiciária que levou à detenção de cinco pessoas, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, por suspeitas de corrupção e outros crimes no exercício de funções públicas.
"A justiça tem de funcionar, se há investigação judicial a proceder, investigação criminal ou não criminal, deve proceder-se a essa investigação, seja em qualquer departamento, seja com quem quer que seja. E vamos esperar pelo resultado dessas averiguações serenamente, sem formular juízos prévios", declarou.
"Se realmente há matéria a investigar, investigue-se", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado se esta situação o deixa incomodado enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, respondeu: "Não, porque como Comandante Supremo das Forças Armadas tudo o que seja clarificar a constitucionalidade, a legalidade, a ética nas Forças Armadas, na gestão das Forças Armadas é fundamental".
"As Forças Armadas são uma instituição essencial ao serviço do país, para se acreditar nelas é preciso acreditar na sua transparência, na sua legalidade, na sua ética e garantir isso é o que mais prestigia as Forças Armadas. Não há nada como não esconder debaixo do tapete, realmente se há matéria a investigar, investigar", reforçou.
A operação designada "Tempestade Perfeita", de acordo com a Polícia Judiciária, é "uma investigação criminal cujo objeto visa apurar da eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efetuadas, por parte de organismo da Administração Central, a diversas empresas, as quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros".
Um dos cinco detidos, de acordo com a CNN Portugal, é o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do Hospital Militar de Belém.
Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à Covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros.
A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.