Os partidos exigiram esta quarta-feira ao Governo garantias sobre mais investimento público na saúde, na ferrovia e na soberania alimentar, com o PSD a criticar a "propaganda do milagre português" que afirmou não se ter confirmado.
No debate temático sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, ou Plano 2020/2030, o deputado social-democrata António Maló de Abreu começou por lamentar o aumento de casos de Covid-19 do país nos últimos dias, criticando a “propaganda do milagre português” que “não se confirma”.
“A propósito de visão estratégica”, continuou o deputado, em tom irónico, “por onde andava o governo quando o PSD afirmava que os lares poderiam vir a ser um grande foco da doença”, questionou, lamentando o atraso de medidas preventivas.
“Onde anda o primeiro-ministro da promessa de um médico de família para todos os portugueses em 2017 e, três anos depois, um milhão deles ainda desespera?”, insistiu, apontando também a António Costa falhas na regulamentação da compensação aos trabalhadores do SNS envolvidos no combate à pandemia.
Pelo PEV, a deputada Mariana Silva pediu garantias a António Costa de que “a aquisição do material circulante ferroviário, fundamental para o equilíbrio demográfico do território e para o desenvolvimento justo e sustentável do país” será incluído neste plano de recuperação.
Numa segunda intervenção, o deputado José Luís Ferreira sublinhou o receio de que a aplicação dos fundos comunitários seja uma “oportunidade perdida”, defendendo que é “necessário pensar o futuro delineando caminhos de sustentabilidade” e apostar na produção nacional e na soberania alimentar.
A Iniciativa Liberal, pela voz do deputado João Cotrim de Figueiredo, caracterizou a proposta em debate como “um catálogo de dezenas de medidas em que tudo é essencial ou seja nada é prioritário”.
“O governo em vez de fazer aquilo que é a essência da política, ou seja, fazer escolhas, afinar prioridades, limitou-se a cruzar os eixos do plano Costa Silva com os pilares de Bruxelas, não prevendo se as medidas fazem sentido mas apenas para ver se podem financiar”, sustentou.
Já André Ventura, do Chega, voltou a lamentar que plano separe “o país público” do “país privado”, numa referência investimento previsto para o Estado e setor empresarial, argumentando que a divisão só pretende “agradar à esquerda” numa “espécie de salve-se quem puder”.