A cruz não é ocasional, nem depende das circunstâncias, disse o Papa Francisco na basílica de São Pedro, durante a homilíia da missa crismal, esta manhã.
"Nem as grandes cruzes da humanidade, nem as pequenas cruzes de cada um dependem das circunstâncias”, sublinhou, “porque se as circunstâncias determinassem o poder salvífico da cruz, Jesus não teria abraçado tudo. Mas quando chegou a sua hora, abraçou a cruz inteira. Porque a cruz não tolera ambiguidade; com a cruz, não se regateia!”, disse.
Francisco recordou que “no anúncio do Evangelho, há cruz; mas é uma cruz que salva. Pacificada com o Sangue de Jesus, é uma cruz com a força da vitória de Cristo que vence o mal e liberta-nos do maligno”. Por isso, abraçar a cruz “permite-nos discernir e repelir o veneno do escândalo com que o demónio procurará envenenar-nos quando chegar inesperadamente uma cruz na nossa vida”, afirmou.
O Papa convidou os sacerdotes e bispos a não se escandalizarem com as contradições que implicam o anúncio da salvação, tal como “Jesus não Se escandalizou ao ver que o seu jubiloso anúncio de salvação aos pobres não ressoava puro, mas misturado com os gritos e ameaças de quem não queria ouvir a sua Palavra”, nem se escandalizou “por ter de curar doentes e libertar prisioneiros no meio das discussões e controvérsias moralistas, legalistas e clericais que suscitava sempre que fazia o bem” ou “por ter de dar a vista a cegos no meio de gente que fechava os olhos para não ver ou olhava para o lado”.
A realidade da cruz é pois incontornável na vida de cada cristão, concluiu Francisco, assegurando que “o Senhor nos dá sempre o que Lhe pedimos, mas fá-lo ao modo divino. Este modo envolve a cruz. Não por masoquismo, mas por amor, por amor até ao fim.”