Assinalam-se, na terça-feira, 20 anos do fecho das comportas da barragem do Alqueva. Aconteceu a 8 de fevereiro de 2002, dando início ao enchimento da albufeira que atingiu, pela primeira vez, a sua cota máxima a 12 de janeiro de 2010.
Alqueva já efetuou por três vezes descargas controladas e, nestas duas décadas, atingiu por quatro vezes, o pleno armazenamento de 4.150 milhões de metros cúbicos de água, à cota 152 metros.
Localizada no âmago do Alentejo, no rio Guadiana, neste momento, a albufeira armazena, nesta data, 3.284 milhões de metros cúbicos de água e está à cota 148.36 metros, com 79% da capacidade máxima, segundo dados da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.
O maior lago artificial da Europa ocupa uma superfície de 250 quilómetros quadrados e mais de 1.100 quilómetros de margens.
Instrumento “incontornável na promoção do desenvolvimento de toda a região e do país”, esta “reserva estratégica de água” do sul de Portugal “tem vindo a dar provas da sua grande capacidade de regularização do rio Guadiana”, permitindo “ultrapassar os longos períodos de seca que têm assolado a região”, cumprindo “a sua primeira e principal missão”, refere a EDIA, numa nota que assinala este aniversário.Na vertente agrícola, a garantia de água dada pelo maior lago artificial da Europa, permitiu grande adesão dos agricultores, quase 100%, às novas culturas e técnicas de regadio, com destaque para o olival, o amendoal e a vinha.
Dez anos antes do previsto, concluídas as infraestruturas necessárias, Alqueva começou a regar os previstos 120 mil hectares. Posteriormente já foram identificados mais 50 mil hectares de novas áreas para beneficiarem da barragem. Destes, cerca de 10 mil, dos blocos de rega de Évora, Viana do Alentejo, Cuba e Odivelas, começam a ser regados esta primavera, perfazendo um total de 130 mil hectares.
Até 2025, a EDIA espera ter construídos, assim haja financiamento, mais quatro blocos para regar cerca de 20 mil hectares, nas zonas de Reguengos, Vidigueira, Messejana (com ligação ao Monte da Rocha) e Póvoa/Amareleja.
Uma outra valência de extrema importância, prende-se com o reforço de abastecimento público a mais de 200 mil habitantes no Alentejo, repartidos por 13 concelhos dos distritos de Évora e Beja.
Segundo a EDIA, este número que” tende a crescer” com a previsão da ligação de Alqueva a outras origens de água para abastecimento público, nomeadamente a albufeira do Monte da Rocha, que abastece os concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e parte dos de Odemira e Mértola.
Quanto à valência energética, a empresa que gere o empreendimento, construiu as centrais hidroelétricas de Alqueva e Pedrógão, concessionadas à EDP, que contribuem com cerca de 4% de toda a energia hídrica em Portugal.
Promoveu também a instalação de cinco centrais mini-hídricas e aposta na energia solar, tendo instalado sete centrais fotovoltaicas, uma delas, flutuante.
Para além da agricultura, do abastecimento público e da energia, também o turismo, lazer e desportos náuticos, encontraram nesta nova realidade um motor para a sua expansão e desenvolvimento. Exemplo disso são as cinco praias fluviais que foram criadas e que já mobilizam milhares de veraneantes todos os anos, dinamizando as economias locais.
Para a história deste empreendimento e da própria região, fica também a construção de uma nova povoação para alojar os cerca de 400 habitantes da aldeia da Luz que, recorde-se, ficou submersa pelas águas da albufeira.
A EDIA perspetiva que Alqueva possa contribuir com “mais de 500 milhões de euros anuais para o Produto Interno Bruto regional e criar mais de 10 mil empregos permanentes nos setores agrícola, agroindustrial e do turismo”.