“Incompreensível”. É assim que o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, define a posição do Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) de não recomendar ao Governo o encerramento de todas as escolas devido ao novo coronavírus.
Após uma reunião na quarta-feira, Conselho Nacional de Saúde Pública defendeu encerramentos apenas caso a caso. No dia seguinte, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que todos os estabelecimentos de ensino vão fechar durante um mês, a partir de segunda-feira.
O encerramento de escolas e outras medidas restritivas contra a pandemia de coronavírus já tinham sido recomendados, a 2 de março, pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
Em declarações à Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos afirma que a posição do Conselho Nacional de Saúde Pública é incompreensível.
“O que não é nada e de todo compreensível é a decisão que o Conselho Nacional de Saúde Pública tomou. Se este Conselho Nacional de Saúde Pública é a equipa de peritos que toma decisões sobre esta matéria, é um bocado complicado. Coloca em causa o papel deste organismo", afirma Miguel Guimarães.
O bastonário considera que esta questão das escolas peca por tardia, mas não põe em causa o Ministério da Saúde. No entanto, coloca evidência a existência de problemas de aconselhamento.
“Não queria falar em descoordenação. Até agora, a sra. diretora-geral da Saúde e a sra. ministra e o Governo, como um todo, tomaram as decisões que acharam mais adequadas. O que me deixa mais preocupado, além do atraso destas medidas, é o facto de provavelmente estas pessoas que estão a tomar decisões estão a ser aconselhadas pelo Conselho Nacional de Saúde Pública e as coisas podem correr menos bem. Espero que daqui para a frente haja um diálogo maior”, defende Miguel Guimarães.
Esta semana, a Organização Mundial de Saúde declarou a doença Covid-19 como uma pandemia e na quinta-feira à noite o Governo português declarou estado de alerta.
Desde dezembro do ano passado, o novo coronavírus infetou mais de 131 mil pessoas, das quais mais de metade recuperou da doença. A Covid-19 provocou quase cinco mil mortos em todo mundo.
Em Portugal, os últimos números da Direção-geral de Saúde apontam para 112 doentes, não havendo até ao momento registo de qualquer morte.