O secretário-geral do PCP disse esta terça-feira, em Faro, que o voto de protesto deve ser encaminhado nas eleições legislativas de março para a CDU, que considerou ser a única solução para quem quer dar um "safanão nisto tudo".
À margem de uma ação de contacto com a população na rua mais comercial da cidade algarvia, Paulo Raimundo foi questionado pelos jornalistas sobre o chamado voto de protesto parecer estar, segundo as sondagens, a mudar da esquerda para a direita.
"O voto no PCP e da CDU é sempre um voto de protesto, que alia o protesto às soluções. Esta é a grande diferença. Aqueles que estão disponíveis para dar um safanão nisto tudo, como se costuma ouvir na rua, a única solução que têm é votar no PCP e na CDU", afirmou o dirigente comunista.
Segundo Paulo Raimundo, é o PCP e a coligação com Os Verdes que dão "o verdadeiro safanão" aos grupos económicos que "têm os 25 milhões de euros de lucros por dia, enquanto há milhares e milhares de pessoas apertadas, que não conseguem pagar as suas contas da água e da luz".
Minutos depois, no breve discurso às dezenas de apoiantes presentes na ação, o secretário-geral do PCP reconheceu que existe um "sentimento brutal de injustiça", mas reiterou que "não vale a pena" pegar nesse voto de protesto e entregá-lo "a partidos que mais não são do que marionetas e atrelados na trela desses mesmos grupos económicos e ao serviço deles".
Em relação à viabilização de uma reedição da "geringonça" após as eleições de 10 de março, Raimundo garantiu que "não há nenhuma possibilidade de haver um governo de esquerda em Portugal sem a participação do PCP e da CDU, muito menos contra o PCP e a CDU".
Para o dirigente comunista, a "questão fundamental" é se, após as legislativas, "há ou não há" condições para aumentar os salários e garantir que as pessoas têm acesso ao Serviço Nacional de Saúde, à habitação e a outros direitos.
"Tudo o que seja fora disto é para nós nos entretermos com arranjos que não têm nenhuma solução na vida das pessoas", reforçou.
Paulo Raimundo reiterou que o PCP, depois de 10 de março, estará "ao lado de tudo o que for positivo" e "contra tudo o que for negativo", recordando que foi assim quando a esquerda conseguiu "afastar o Governo do PSD e do CDS", que considerou "as barrigas de onde vêm agora o Chega e a Iniciativa Liberal".
Sobre as medidas anunciadas no fim de semana pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, na convenção da Aliança Democrática, o secretário-geral do PCP criticou a "chuva de promessas".
"Vindo de quem vem, que são só os principais recordistas do corte de pensões, no corte de direitos, no corte de salários, no corte dos subsídios de Natal, é um bocadinho, no mínimo, inconsistente", vincou.
Paulo Raimundo, ao lado da cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Faro, Catarina Marques, disse que a CDU quer recuperar na região o eleito perdido em 2019, e enfatizou que o problema dos salários "muito baixos" é geral no país, mas tem no Algarve "uma dimensão muito particular", face à precariedade dos contratos a prazo no setor turístico.