Jerónimo e os SMS da Caixa: Se Centeno quiser mostrar que mostre
19-02-2017 - 20:00
 • Susana Madureira Martins

O líder do PCP remete para o ministro das Finanças mostrar ou não as mensagens telefónicas que trocou com António Domingues sobre a Caixa Geral de Depósitos.

Jerónimo de Sousa considera que “essa é uma proposta que deve ser feita ao próprio, se o ministro das Finanças sentir necessidade, obviamente terá essa possibilidade”, referindo-se à divulgação da troca de mensagens entre Mário Centeno e António Domingues sobre a entrega da declaração de rendimentos do ex-administrador da Caixa de Depósitos (CGD).

O líder do PCP falava este domingo aos jornalistas a seguir à reunião do comité central do PCP, onde defendeu que cabe ao ministro e ao primeiro-ministro decidir.

Uma coisa é certa para o secretário-geral comunista: “O PSD faz disto permanentemente uma arma de guerrilha”, mas tem como objectivo principal “a privatização da Caixa Geral de Depósitos”.

“O inquérito é uma figura parlamentar a defender, mas desde que respeite as estritas exigências da Constituição da República e da lei”, referindo-se à intenção de PSD e CDS de instalarem uma nova comissão parlamentar de inquérito que permita a divulgação da troca de mensagens entre Centeno e Domingues. “Vamos aguardar”, conclui o líder do PCP, referindo-se à instalação do novo inquérito.

Autárquicas: PCP quer aumentar o número de eleitos

Os dirigentes nacionais comunistas decidiram no comité central deste fim-de-semana marcar um encontro nacional autárquico para 8 de Abril na Aula Magna, em Lisboa.

Os comunistas pretendem apresentar listas a todos os órgãos municipais e ao maior número de freguesias. Aos jornalistas, Jerónimo de Sousa disse que o “objectivo da CDU é manter e reforçar posições, mantendo as maiorias, conquistando outras, procurando aumentar o número de eleitos” no poder local.

Questionado sobre a possibilidade de um entendimento autárquico com PS, à semelhança do que foi feito após as eleições legislativas, o líder comunista diz que “erra quem procure fazer um exercício mimético entre o que são eleições legislativas e o que são eleições autárquicas ou eleições presidenciais”, acrescentando que “não há, de facto, essa correspondência, e por isso mesmo é que nós temos mais votos para as autarquias do que para as outras eleições”.

Para os comunistas, nas autárquicas todos os outros partidos fora da CDU são oposição, com Jerónimo de Sousa a referir que “na nova da vida política fase nacional a afirmação distintiva do projecto da CDU, o carácter diferenciador das suas propostas e opções, a dimensão de alternativa clara e assumida à gestão e projectos de outras forças políticas, sejam PSD e CDS, sejam PS e Bloco de Esquerda”.

O PCP, de resto, vai para estas eleições autárquicas ciente do seu papel como parte activa da maioria de esquerda no Parlamento. Conclui Jerónimo que os “avanços e conquistas” nos salários e nas pensões só se tornaram possíveis” pela “contribuição e influência decisivas do PCP. Medidas e avanços que um Governo maioritário do PS nunca adoptou nem adoptaria.”