A lista da Comissão Independente entregue ao Patriarcado de Lisboa identifica 24 sacerdotes suspeitos de abuso, incluindo cinco ainda no ativo e oito que já morreram.
Os números foram divulgados esta sexta-feira, ao início da tarde, num comunicado enviado pela diocese às redações.
Para além dos cinco sacerdotes no ativo, contam-se ainda dois doentes e retirados, e um que já abandonou o sacerdócio. São ainda referidos três sacerdotes sem qualquer nomeação atribuída e quatro nomes desconhecidos. Da mesma lista consta ainda um leigo.
No comunicado é indicado que a Comissão Diocesana de Proteção de Menores já pediu mais dados à Comissão Independente, e aguarda a resposta “com caráter de urgência”, para que seja possível entregar ao Cardeal-Patriarca as “recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo, e a assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”.
A nota confirma, ainda, a saída dos sacerdotes que integravam a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, tendo sido eleito como “moderador interino" - correspondente a presidente - o antigo Procurador-Geral da República José Souto de Moura.
Fazendo referência ao protocolo de colaboração assinado com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), o Patriarcado de Lisboa reafirma que “prossegue a sua determinação em erradicar o drama dos abusos contra menores e adultos vulneráveis, não só na área da prevenção, mas também no apoio que desejamos prestar a todas as vítimas, que permanecem no centro de todas as prioridades do trabalho desenvolvido por esta Comissão Diocesana”.
“Contamos igualmente com a colaboração do programa CARE, da APAV, no acolhimento de todas as denúncias que cheguem a esta Diocese”, através do endereço: protegereprevenir@patriarcado-lisboa.pt.
Lista difere do Relatório
Os números da lista entregue ao Patriarcado não correspondem aos que constam no Relatório da Comissão Independente. Na tabela que quantifica os casos por diocese, são referidos 66 clérigos e 10 leigos como abusadores em Lisboa, mas de acordo com o comunicado de hoje, da lista só constam 24 nomes, e oito já morreram.
Entre os vários elementos da Comissão Independente que a Renascença tentou já contactar, apenas Ana Nunes de Almeida respondeu à chamada, mas recusou esclarecer porque é que existe esta discrepância nos números.
“Não vamos falar nada em relação às listas. Não vou fazer qualquer comentário”, afirmou, confirmando que já recebeu pedidos de esclarecimento de várias dioceses e que estão “a colaborar”.
Quanto à lista dos sacerdotes de congregações, que ainda não foi entregue à Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal, diz que ainda estão a trabalhar nos dados, porque “é um processo muito complexo”, “há muitas congregações” e tem de haver “rigor” para as coisas serem “bem feitas”.