O presidente da Associação Ambiental ZERO avisa que há "uma catástrofe ambiental" a decorrer em paralelo com os danos diretos da guerra da Ucrânia.
À Renascença, Francisco Ferreira aponta para "muitos tóxicos, associados a explosões e munições, presentes nos solos das cidades, dos prédios e dos campos agrícolas".
"Temos depósitos de gás, derrames, água que não tem sido tratada", acrescenta.
Antes do conflito ter começado, a Ucrânia era dos principais exportadores de produtos agrícolas como os cereais. A interrupção desta produção em massa tem sido um dos fatores por trás do aumento da inflação e do custo de produtos derivados destas matérias-primas.
O presidente da ZERO teme danos irreversíveis às culturas agrícolas, admitindo mesmo "uma contaminação de zonas agrícolas que deixarão de ser produtivas".
A invasão da Rússia já provocou combate armado perto de centrais nucleares ucranianas, como a de Chernobyl. Até agora, não há sinais de danos significativos.
No entanto, a comunidade internacional continua preocupada com um possível desastre nuclear que pode contaminar outros países da Europa.
Uma apreensão partilhada por Francisco Ferreira, que aponta que este tipo de energia "tem um elemento de insegurança de que nenhum país está livre".
"As centrais nucleares podem ser sempre objeto de problemas graves e tem sido essa a situação também na Ucrânia", considera.
E para lá da guerra da Ucrânia, qualquer conflito exige armas e veículos de combate. O fornecimento de armamento tem sido aliás dos principais e consistentes apoios da comunidade internacional às forças de Zelensky.
Será que a própria produção massiva da indústria de armamento tem um custo para o Ambiente? A resposta, segundo o presidente da ZERO, é afirmativa.
Para além das próprias armas exigirem compostos tóxicos, "todo o ciclo de extração e processamento acaba por representar uma pegada ambiental completamente dramática e sem sentido".
"Estamos a falar de gastos em termos de energia que acaba por contaminar zonas próximas da localização destas indústrias", explica, ainda.