O preço do cabaz de bens alimentares da DECO-Proteste caiu esta semana, depois de três semanas consecutivas a subir. A descida, que representa uma poupança de 8,70 euros, é a maior desde que a lista que inclui 63 produtos foi criada. O cabaz custa agora 226,15 euros, o seu valor mais baixo desde 8 de fevereiro.
À Renascença, a porta-voz da DECO, Ana Guerreiro, explica que a descida, apesar de “tímida”, é “significativa”.
“Num momento em que os consumidores estão a poupar nas compras de supermercado, estes 8,70 euros podem significar uma poupança no bolso dos consumidores ou permitir-lhes comprar produtos que até agora não poderiam comprar”, afirma.
Embora não seja possível encontrar um padrão definido para as descidas dos preços, os produtos hortícolas (que estão 19% mais baratos) e peixes como o salmão e a pescada (que baixaram em média cerca de 17%), foram os que mais contribuíram para a redução do custo do cabaz.
Do lado contrário, entre os produtos que mais subiram de preço entre 15 e 22 de março estão o carapau, o iogurte líquido de morango e o atum posta em azeite.
O cabaz alimentar está, ainda assim, 42,52 euros acima dos 183,63 euros que custava a 23 de fevereiro de 2022, antes do início da guerra na Ucrânia, e 17,61% mais caro em comparação com o mesmo período do ano passado, quando custava 192,28 euros.
DECO avisa que descida do IVA “pode não ser boa medida”
A DECO comentou ainda a possibilidade de uma descida do IVA na próxima semana, admitida pelo primeiro-ministro, António Costa.
“Se olharmos para a experiência dos nossos vinhos espanhóis, pode não ser uma boa medida, porque isso não se refletiu no preço dos produtos alimentares”, afirma Ana Guerreiro.
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor lembra ainda que existirão negociações com os retalhistas, pelo que o melhor é “aguardar pelas medidas fechadas e pela sua aprovação” para avaliar se esta será ou não uma boa solução, que “possa trazer a poupança imediata”.
A medida de descida do IVA foi apontada esta quarta-feira no Parlamento por Costa, que lembrou que a inflação sobre os alimentos foi de 20,5% em fevereiro, e que essa subida de preços é maior do que a generalidade dos bens - tanto em Portugal, como na União Europeia.
“O Governo vai trabalhar com o setor para agir sobre os preços", disse, explicando que esta aconteceria em duas dimensões: a primeira através de ajudas de Estado à produção, para diminuir os custos de produção do setor alimentar; a segunda através de "um equilíbrio entre redução da fiscalidade, ou seja, do IVA, e a garantia de que essa redução se traduz.