O ministro dos Assuntos Parlamentares acusou o anterior Governo de sacrificar o interesse público em benefício da carreira de Mário Centeno e da presidência do Eurogrupo. As acusações foram feitas no plenário da Assembleia da República onde, esta quarta-feira, os deputados discutiram o estado do Estado, a pedido da Iniciativa Liberal.
Pedro Duarte considerou que ao longo dos oito anos do Governo de António Costa, o país viveu com “serviços mínimos, mas com impostos máximos” e, um dos objetivos, foi beneficiar a carreira de Mário Centeno, um dos nomes (de socialistas) de quem se fala para a Presidência da República.
“Foram oito anos em que se sacrificou o verdadeiro interesse dos portugueses, das pessoas, nomeadamente de terem acesso a serviços públicos de qualidade, em benefício de cativações, em benefício de brilharetes estatísticos, que foram certamente muito relevantes para a carreira política do então ministro das Finanças, mas que saíram caro aos portugueses”, disse Pedro Duarte.
O ministro dos Assuntos Parlamentares concluiu mesmo que saiu caro ao país a presidência do Eurogrupo, cargo que Mário Centeno assumiu entre 2018 e 2020.
“Na verdade, e isto é importante que se diga, o preço de termos a presidência do Eurogrupo, na altura promovida pela frente de esquerda unida, foi muito alto. Saiu muito caro aos portugueses”, reforçou Pedro Duarte.
Na opinião do ministro, o Governo socialista travou o investimento público e isso conduziu a uma degradação dos serviços públicos. “Significou o travão a fundo no investimento público e significou a aceleração máxima na degradação dos serviços públicos. Esta insensibilidade social descaracterizou a esquerda, mas, mais importante, prejudicou muito os portugueses”, rematou o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Rui Rocha critica “novela orçamental” entre Governo, PS e Chega
O plenário arrancou com o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, a lançar críticas ao que considera ser uma “longa novela orçamental” entre Chega, PS e Governo nas negociações do OE para 2025. Num debate de urgência no Parlamento sobre o “Estado do Estado”, o liberal começou por falar do “desnorte orçamental” do Chega.
“O contributo do Chega para esta novela é a recuperação da palavra irrevogável e já sabemos a ginástica que está associada à palavra: um mortal à frente, logo seguido de um flic flac à retaguarda”, disse, mencionando a “flexibilidade lombar” do líder do Chega, André Ventura.
Rui Rocha indicou ainda não saber propostas do PS, mas saber detalhadamente sobre como devem decorrer as reuniões. “Propostas? Nada. Mas sabemos exatamente a sua posição até ao pormenor sobre se as reuniões devem ser públicas, reservadas ou discretas”, apontou, referindo a “hipocrisia” dos socialistas, questionando se, quando negociava orçamentos, as reuniões eram públicas ou privadas.
Em crítica ao Governo, o presidente da Iniciativa Liberal indicou que o número de portugueses sem médico de família é o mesmo do ano passado e que, das 30 medidas do plano de habitação, 21 delas não estão concluídas.
“Onde estão os devolutos do Estado que podiam estar ao serviço daqueles que precisam de casa para morar? E já agora, onde estão as medidas para dinamizar o mercado de arrendamento para quem quer arrendar casa? A resposta é simples: não estão, não existem, nem existiam com o PS”, disse.
A responsabilidade, expõe, é em primeira linha do PS depois de oito anos no Governo, mas também do PSD, concluindo que “medidas semelhantes vão traduzir-se em resultados iguais”.