Os Estados Unidos expressaram preocupação pela decisão da Venezuela de iniciar o processo para sair da Organização de Estados Americanos (OEA), sublinhando, no entanto, que isso dependerá do sucessor do Presidente Nicolás Maduro.
"A declaração que fez a ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, não tem um efeito real imediato, nem prático, porque retirar-se da OEA pode demorar até dois anos", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
Durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, Mark Toner, sublinhou que o anúncio causou preocupação nos EUA, porque "a OEA pode ter uma influência construtiva na Venezuela, em (Nicolás) Maduro, no Governo venezuelano, no sentido de os instar a respeitar rapidamente a sua própria Constituição e a cumprir com os seus compromissos democráticos para com todo o seu povo".
"Isso não é algo que ocorrerá da noite para a manhã, assim que ainda acreditamos que é possível influir sobre essa decisão (...). Isso se estenderá até depois do final do mandado do Presidente (Nicolás) Maduro e a decisão só poderá converter-se em definitiva se assim o decidir o seu sucessor", frisou.
Por outro lado, sublinhou que os EUA pretendem que a Venezuela continue a fazer parte daquele organismo, mas só se o país cumprir com as normas da OEA, reflectidas na Carta fundacional da OEA e na Carta Democrática Inter-americana, entre elas "o respeito pelas normas e práticas democráticas".
As declarações do porta-voz do Departamento de Estado têm lugar depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmar que "a Venezuela é um desastre" e que falta ver "o que acontece" após o anúncio de Caracas de que vai abandonar a Organização dos Estados Americanos (OEA).
"A Venezuela é um desastre, a Venezuela é um desastre", disse Trump quando lhe perguntaram o que pensava sobre a decisão do Governo venezuelano, no início de uma reunião na Casa Branca com o Presidente da Argentina, Mauricio Macri.
Trump insistiu que a situação da Venezuela é "muito triste" e disse que se vai ver "o que acontece" a partir de agora, sem entrar em pormenores sobre o anúncio relativo à OEA.
A ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, anunciou quarta-feira que a Venezuela iniciará a sua saída oficial da OEA.
"Iniciaremos um procedimento que demora 24 meses (...). A Venezuela não participará em nenhuma actividade em que se pretenda posicionar o intervencionismo e o ingerencismo de um grupo de países que só buscam perturbar a estabilidade e a paz do nosso país", disse a governante.
O anúncio da retirada da Venezuela foi feito numa alocução transmitida pela televisão estatal venezuelana, depois de a OEA aprovar a convocação de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros para analisar a crise política na Venezuela.
Segundo a ministra, há um grupo de países da OEA que pretendem prejudicar o Presidente Nicolás Maduro e a revolução bolivariana.
"São acções dirigidas por um grupo de países mercenários da política para restringir o direito ao futuro, do povo da Venezuela, o direito a viver tranquilamente", frisou.
Por outro lado, através do Twitter, o Presidente da Venezuela considerou ter dado um "passo gigante para romper com o intervencionismo imperial" ao ordenar, quarta-feira, a saída do país da OEA.
"Dia da Dignidade da Independência. Dei um passo gigante para romper com o intervencionismo imperial", escreveu Nicolás Maduro no Twitter.
Por outro lado, pediu a compreensão e solidariedade dos povos da América Latina e do mundo "para derrotar o plano intervencionista contra a Venezuela".